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terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

"TJ-SP já protegeu desembargadores desonestos"

Ivan Sartori admite episódios que ficaram sob o tapete.

 Em entrevista à repórter Laura Diniz, na "Veja" que está nas bancas, o novo presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, Ivan Sartori, reafirma seu estilo direto e trata de questões controvertidas sobre as quais não houve transparência em gestões anteriores.

"O novo presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo defende a punição rigorosa para juízes corruptos, mas diz que o desvio de uns poucos não pode macular todos", afirma a jornalista, na introdução da matéria.

Eis trechos da entrevista:
(...)

Veja - O TJ de São Paulo tem sido o principal alvo das investigações do CNJ. Ele tem mais casos de corrupção do que os outros?

Ivan Sartori -
Não. Sempre houve maus elementos em todo lugar. Aqui, nós sabíamos quem eles eram. Estão aposentados agora. Alguns foram aposentados compulsoriamente, inclusive. É a punição máxima que se pode aplicar na esfera administrativa. Outros foram convidados pelos colegas a se aposentar, sem investigação.

Veja - Sem investigação? Isso quer dizer que o TJ de São Paulo já protegeu desembargadores desonestos?

Sartori -
Sim. Foi um erro gravíssimo. Deveriam ter sido investigados, punidos e expostos. Porém havia uma cultura de não fazer isso, para evitar que as pessoas pensassem que somos todos assim. Mas foi há muito tempo, faz mais de dez anos. Isso já não acontece nem vai mais acontecer. Hoje, somos rigorosos com os juízes que fazem coisas erradas. Eles são a minoria. Não há mais nenhum juiz com problemas aqui.

Veja - Não há mais juiz com problemas ou eles não são devidamente investigados?

Sartori -
Não há. Não chega uma denúcia aqui na presidência a respeito disso. Posso garantir que 99% dos juízes são sérios, trabalham pesado. Os magistrados paulistas cometem menos irregularidades do que de outros estados.

(...)

Veja - O jornal
Folha de S.Paulo publicou que juízes de São Paulo receberam dinheiro "por fora".

Sartori -
Durante um período de cerca de ano, todos os juízes receberam os atrasados sem que isso constasse no holerite. Nós mesmos reclamamos, e isso foi corrigido. Estamos apurando, mas deve ter sido um equívo administrativo.

Salvo erro do editor deste Blog, Sartori é o primeiro presidente de tribunal a confirmar uma prática mencionada --sem identificação dos personagens e do tribunal-- na introdução do livro "Juízes no Banco dos Réus": em reunião fechada, o então corregedor geral de Justiça e o então presidente da Corte ouviram a gravação incriminadora de um desembargador sob suspeição, também presente, e destruíram a prova quando o magistrado concordou em antecipar a aposentadoria para evitar uma investigação.

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