Alguns leitores acreditam que a imagem do Judiciário é comprometida
pela imprensa –e não pelos fatos. A seguir, trechos do depoimento da
ministra Eliana Calmon na audiência pública na Comissão de Constituição,
Justiça do Senado Federal, nesta terça-feira, publicados nos grandes
jornais no dia seguinte, e excerto do relatado em informativo oficial do
Conselho Naciona de Justiça, ná véspera.
Folha (sob o título “Corregedora volta a atacar ‘vagabundos’ do Judiciário”): “É
dificílimo um tribunal julgar desembargador. Se ele tem a simpatia do
colegiado, e os malandros são sempre extremamente simpáticos, o tribunal
não tem poderes para julgar. Não tenho medo dos maus juízes, mas do
silêncio dos bons juízes que se calam na hora do julgamento.”
“O Estado de S.Paulo” (sob o título “Corregedora quer punir ‘juízes vagabundos’”): “Meus
senhores: é um descalabro. Toda vez que um governador corrupto quer um
favor ele se junta ao presidente do tribunal e dá aumento. O que estamos
encontrando: os desembargadores ganham o teto – R$ 26 mil – mas em três
meses do ano vem um penduricalho, uma gratificação monstruosa. Se
dividir tudo pelos 12 meses, eles ganham R$ 50 mil, R$ 40 mil, R$ 70
mil”.
“O Globo” (sob o título “Eliana Calmon: há magistrados ‘vagabundos’”): “Os
malandros são extremamente simpáticos. Não tenho medo dos maus juízes,
mas do silêncio dos bons juízes, que se calam quando têm de julgar
colegas. Eles não querem se indispor, o coração não está bom, estão no
fim da vida. Mas têm que julgar”.
“Correio Braziliense” (sob o título “É uma tradição não fazer nada”): “Nas
corregedorias, é uma tradição não fazer nada. O corregedor sai da
corregedoria e se candidata à presidência. Se ele mexer em muita coisa,
ele não é eleito. O colégio de corregedores vira sempre um grande
piquenique. As mulheres vão, passeiam… Tem jantares. Mas no próximo vai
ter que se trabalhar. Eu já pedi dois dias só para o meu discurso”.
“Estado de Minas” (sob o título “Corregedora critica piquenique de juízes”): Alguns
senadores propuseram a inclusão da permissão para que o CNJ quebre o
sigilo bancário dos investigados. Eliana discordou deles. “Manter a PEC
do jeito que está me parece mais salutar para não causar o estresse que
essa sociedade ainda tem em relação ao sigilo fiscal e bancário, porque
aí é que mora a serpente”, defendeu.
“Jornal de Brasília” (sob o título “Crítica aos juízes ‘malandros’”): “Precisamos
abrir em diversos flancos para falar o que está errado dentro da nossa
casa. Faço isso em prol dos magistrados sérios, decentes, que não podem
ser confundidos com meia dúzia de vagabundos que estão infiltrados na
magistratura.”
“Valor Econômico” (sob o título “Corregedora defende PEC que
amplia poder do CNJ”): “Eu falei muito porque precisava. Se eu não
falasse com a imprensa, estava frita. Faço isso em prol da magistratura
correta, decente, que não pode ser misturada com uma meia dúzia de
vagabundos que estão infiltrados na magistratura.”(…)
“O povo brasileiro parece que se apropriou do CNJ e marchou para
as redes sociais, a imprensa, os Facebooks da vida. E esse órgãozinho
criado em 2004 passou a ser questionado por um porteiro de prédio, um
faxineiro de edifício, até um doutor que escreveu artigos para os
jornais. Foi uma das coisas mais lindas que eu, como cidadã brasileira,
presenciei.”
“Agência CNJ de Notícias” (sob o título “Corregedora defende PEC sobre poderes do CNJ”): “A
competência concorrente é que dá força à atuação da Corregedoria
Nacional”, fazendo com que as corregedorias locais também ajam na
correção de eventuais faltas administrativas dos magistrados.
Atualmente, ressaltou ela, muitas corregedorias estão vinculadas
diretamente à presidência do Tribunal e não têm autonomia administrativa
e financeira para funcionar. Com isso, quando o presidente não gosta do
corregedor, ele pode eventualmente cortar os recursos e pessoal,
impedindo o funcionamento da Corregedoria”.
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