Oswaldo Miqueluzzi*
De acordo com David Rothkopf, em sua obra “Superclasse: a elite que
influencia a vida de milhões de pessoas ao redor do mundo” (Rio de
Janeiro: Agir, 2008), “a riqueza somada dos cerca de mil pessoas mais
ricas do mundo –os bilionários do planeta– é quase o dobro daquilo que
têm os 2,5 bilhões de pessoas mais pobres”.
Segundo ele, em 2007, “o PIB global foi estimado em 47 trilhões de
dólares”. Neste mesmo ano, “as 250 maiores empresas do mundo tiveram
vendas somadas superiores a 14,87 trilhões de dólares, correspondendo a
quase um terço do PIB global e superando o PIB dos Estados Unidos ou da
União Européia (de 13,2 trilhões e 13,74 trilhões, respectivamente)”.
Ainda em 2007, “as vendas somadas das cinco maiores (Wal-Mart,
ExxonMobil, Royal Dutch Shell, BP e General Motors) foram de quase 1,5
trilhão de dólares – superior ao PIB de todos os países, com exceção de
sete”.
Eis algumas outras disparidades apontadas por David Rothkopf:
a) “em 1983, as quinhentas maiores empresas tinham lucros
equivalentes a 15% do PIB global”; em 2008 a proporção passou “para
40%”, quase triplicando;
b) “a parcela de 10% dos americanos mais ricos detinha 85% de todas
as ações em 2001, com o 1% mais rico controlando um terço de toda a
riqueza dos Estados Unidos”;
c) “10% dos adultos do mundo detêm 85% da riqueza global, enquanto a
metade mais desfavorecida da população do mundo fica com apenas 1% do
total”; “os 2% superiores desse grupo detêm metade da riqueza do
planeta, e o 1% mais alto possui cerca de 40%”;
d) os bilionários do mundo, cerca de mil indivíduos, “menos de
0,000015% da população mundial, detêm riqueza equivalente a quase duas
vezes aquela dos 50% mais pobres”;
e) “as cem maiores instituições financeiras do mundo administram
quase 43 trilhões de dólares, cerca de um terço do patrimônio financeiro
global”;
f) as 250 maiores empresas do mundo respondem por “cerca de um terço do PIB global”;
g) “os países mais ricos do mundo, como os Estados Unidos, aqueles da
União Européia e o Japão, são em média mais de cem vezes mais ricos do
que os mais pobres, como Etiópia, Haiti e Nepal. Há cem anos, a taxa era
perto de 9 para 1. Na verdade, a taxa entre o PIB do país mais rico de
hoje em termos per capita, Luxemburgo, e o mais pobre, Guiné-Bissau, é
de 267 para 1”;
h) nos Estados Unidos, “embora o percentual de aumento médio real da
renda familiar entre 1990 e 2004 tinha sido de 2% para 90% dos lares
americanos com menor renda, ela aumentou 57% para o 1% de maior renda,
disparou 85% no caso de 0,1% que ganha mais, e até 112% para a camada
mais alta de 0,01%. Ou seja, os mais ricos estão ficando ainda mais
ricos duas vezes mais rapidamente do que os ricos”; “um fenômeno
semelhante pode ser visto na Grã-Bretanha, onde os super-ricos viram sua
riqueza aumentar entre 500% e 600%, enquanto os preços médios no varejo
subiram apenas 60% no mesmo período”.
Como se vê, os ricos -pessoas e países- ficam cada vez mais ricos, as empresas crescem e aumentam seus lucros sem medidas.
A sociedade está doente, pois, como disse Plutarco, “o desequilíbrio
entre ricos e pobres é a mais antiga e fatal doença de todas as
repúblicas”.
Como os salários são o principal componente da renda, segundo James
Galbraith, da Universidade do Texas, citado por David Rothkopf, as
desigualdades sociais e de renda também aumentarão se eles não
acompanharem o crescimento da riqueza e dele não participarem.
Recente pesquisa realizada por Haliwell Bank, especializado banco
europeu em gestão de grandes fortunas, fusões e aquisições de empresa,
registrou que Santa Catarina foi o Estado com maior crescimento no
número de milionários no período de 2003 a 2010, apontando como razões,
entre outras, o avanço da indústria, turismo, serviços, setor portuário e
construção civil.
Políticas como as que têm sido adotadas em relação ao reajuste do
salário mínimo, contemplando o crescimento do PIB – Produto Interno
Bruto, e dos pisos salariais estaduais, contribuem para a diminuição das
desigualdades sociais, devendo ser incentivadas e complementadas em
negociações coletivas de trabalho. Mas, ainda são insuficientes para
diminuir o imenso desequilíbrio entre ricos e pobres.
* Oswaldo Miqueluzzi é membro integrante da Diretoria da ALAL (www.alal.com.br),
advogado trabalhista em SC e Assessor jurídico da Federação dos
Trabalhadores no Comércio no Estado de Santa Catarina- FECESC
(Adital)
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