Qual o sentido em se despejar violentamente cerca de 1.660 famílias
pobres, que já estão construindo suas casas, que mal ou bem abrigam-se
sob um teto e erguem uma comunidade, para depois cadastrá-las nas
intermináveis filas dos programas de habitação social que para
atendê-las terão que adquirir ou desapropriar glebas, viabilizar
projetos, contratar obras até, finalmente, um dia –- se é que essa dia
chegará -– devolver um chão e alguma esperança de cidadania a essa
gente?
Mas, sobretudo, qual o sentido dessa enorme volta em falso quando o
único beneficiário da ação policial violenta contra a ocupação de
‘Pinheirinho’, em São José dos Campos (SP), chama-se Naji Nahas?
Dono do terreno, com dívidas de R$ 15 milhões junto à prefeitura
local, Nahas é um especulador notório, preso em julho de 2008 pela
Polícia Federal, na operação Satiagraha, junto do não menos notório
banqueiro Daniel Dantas, ambos acusados de desvio de verbas públicas,
corrupção e lavagem de dinheiro.
Qual o sentido do ‘desencontro’ entre o manifesto desejo de um
acordo favorável aos moradores de ‘Pinheirinho’, expresso pelo governo
federal, e a engrenagem política-judicial repressiva e desastrada do
governo paulista?
Qual o sentido?
O sentido é justamente esse, apenas
esse: a supremacia do dinheiro grosso contra o povo miúdo.
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