por Conceição Lemes
“O senador Eduardo Suplicy (PT) e o deputado federal Ivan Valente
(Psol-SP) estavam dialogando com o governador Geraldo Alckmin (PSDB), o
prefeito Eduardo Cury (PSDB) e proprietário da área, para achar uma
solução negociada”, afirma o deputado estadual Marco Aurélio Souza
(PT). “O próprio dono da área havia concordado em aguardar mais 15 dias.
Isso tudo foi minuciosamente relatado por Suplicy numa assembleia
realizada sábado, no Pinheirinho. De modo que todo mundo estava
tranqüilo.”
Para Marco Aurélio, Alckmin manobrou os parlamentares para
desmobilizar os moradores e, aí, fazer a reintegração de posse sem
resistência. “Covardia com os moradores, para pegá-los desprevenidos”,
acusa. “Quebra de palavra com os parlamentares importantes de São
Paulo. ”
O professor Paulo Búfalo, da executiva do Psol em São Paulo, está
convencido também de que foi uma manobra de má-fé do governador Alckmin.
De um lado, negociava, com os parlamentares. De outro, determinava a
desapropriação da área, uma ação em conluio com a Justiça de São Paulo:
“Todos os relatos que estamos ouvindo aqui, infelizmente, apontam para
isso”.
Outros deputados que estiveram no Pinheirinho, ao longo deste domingo, confirmaram essas informações.
Comunidade do Pinheirinho foi agredida “de forma brutal”, diz secretário
Daniella Jinkings*
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*Matéria originalmente publicada em Agência Brasil
Brasília – O secretario nacional de Articulação Social, Paulo Maldos,
manifestou nesta segunda-feira 23 indignação com a ação da Polícia
Militar (PM) de São Paulo durante as tentativas de reintegração de posse
na ocupação do Pinheirinho, em São José dos Campos (SP). Ontem (22),
Maldos foi atingido por uma bala de borracha disparada por policiais
militares após tentar dialogar com oficiais da PM.
Há dois dias que moradores e a PM estão em confronto por causa da
reintegração de posse do terreno. A polícia atirou bombas de gás
lacrimogêneo e disparou balas de borracha para conter as pessoas que
resistiam à reintegração. “A comunidade de Pinheirinho foi agredida de
forma brutal”, disse o secretário.
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Maldos foi designado pela Secretaria-Geral da Presidência da
República para dialogar com a comunidade e o governo do estado. “Fui ver
as perspectivas para construir um programa habitacional para aquela
comunidade. Fui passar o dia para conversar sobre a possibilidade de
verticalização, construção de prédios”.
Quando chegou ao município, por volta das 8h desse domingo, o
secretário foi informado de que havia forças policiais no local. Segundo
ele, houve tentativa de diálogo com os policiais da Tropa de Choque da
PM de São Paulo. “Ouvi os gritos dos policiais dizendo para eu voltar.
Peguei um cartão da Presidência da República, mas recebi armas apontadas
para mim”.
Após recuar e conversar com moradores, Maldos disse que a PM começou a
lançar bombas de gás lacrimogêneo. De acordo com ele, não houve nenhum
tipo de provocação dos manifestantes. “Estavam todos perplexos com
aquela situação. Quando estava de costas, recebi tiros dados pela Tropa
de Choque, que me atingiram na perna. Tenho militância há algumas
décadas e é a primeira vez que sou agredido dessa forma”.
Desde o início da manhã de domingo (22), a PM cumpre uma ordem da
Justiça Estadual para retirar cerca de 9 mil pessoas que vivem no local
há sete anos e 11 meses. O terreno integra a massa falida da empresa
Selecta, do investidor Naji Nahas. A Justiça Federal decidiu pela não
desocupação do terreno, mas a polícia manteve a reintegração obedecendo
ordem da Justiça Estadual.
Representantes da Secretaria de Direitos Humanos, que também
estiveram no local, registraram imagens de outra ação imprópria da
Polícia Militar. De acordo com o secretário, muitos moradores foram
levados a uma igreja. Na noite de ontem (22), um carro da PM parou em
frente ao local e atirou bombas de gás nas famílias. “Atiraram também
contra a Polícia Rodoviária Federal”.
Segundo Maldos, havia um acordo entre os governos federal, estadual e
municipal que estabelecia 15 dias de trégua para criar uma proposta
para os moradores. Além disso, há uma decisão da Justiça Federal que
suspende a reintegração de posse. “Houve uma agressão ao pacto
federativo. Tínhamos esses dois acordos, que para mim era incompatível
com aquela realidade de presença militar ostensiva”.
O governo de São Paulo e a Polícia Militar ainda não se manifestaram
sobre a truculência da operação policial no Pinheirinho. Segundo Maldos,
o governo federal permanece aberto ao diálogo e não vai mudar a forma
de lidar com a situação.
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