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segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Nesta semana, o Supremo volta do recesso com credibilidade abalada




Nesta semana acaba o recesso no Supremo Tribunal Federal (STF). 
 
Órgão de cúpula do Poder Judiciário nacional, o STF é composto por 11 ministros escolhidos pelo presidente da República e investidos na função depois de aprovados pelo Senado.
O nosso STF seguiu o modelo da Suprema Corte dos EUA, uma ideia do imperador Pedro II que só vingou e foi executada na República, na primeira Constituição.
Por aqui, um ministro do STF só pode ser afastado por impeachment e não está sujeito a controle correcional pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Ao contrário das cortes europeias, um ministro do STF não tem mandato improrrogável de cinco anos. No nosso Brasil, um ministro do STF, querendo, pode ficar até os 70 anos de idade: essa forma compulsória de aposentadoria  está para seu mudada. Isto  pela apelidada “emenda Constitucional da Bengala”, que passará, caso aprovada, a idade limite para 75 anos.
Com o fim do recesso e abertura do ano Judiciário de 2012, o STF reiniciará as suas atividades com as cadeiras completas (11 ministros) e o peso da reputação abalada pelas consequências corporativas decorrentes de não ter, em setembro de 2011, decidido a questão constitucional sobre a autonomia correcional do CNJ referentemente aos magistrados.
Para piorar, no apagar das luzes de 2011, os ministros Marco Aurélio Mello e Ricardo Lewandowski concederam liminares, em situação não urgente, para suspender as atividades correcionais do CNJ, apesar dos cinco anos que ela vinha sendo desenvolvida.
De se acrescentar, ainda, que o STF, anos atrás, entendeu constitucional, contra o voto do ministro Marco Aurélio, a emenda de criação do CNJ.
Com a reputação abalada pela desconfiança popular de encobrir irregularidades de tribunais e desvios funcionais de magistrados, o STF ganhou um outro complicador, tido como pressão fora de hora. É que no final desta semana, em Teresina, o Colégio de Presidentes de Tribunais de Justiça, entre distribuição de medalhas, emitiu uma moção de apoio e de confiança ao STF.
Nesse importantíssimo encontro de Teresina, o presidente da Associação de Magistrados Brasileiros (AMB) elegeu, com o aval maroto do recém-eleito presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, um culpado para a crise judiciária. Para essa dupla de presidentes, a culpa é dos réus do processo do Mensalão, interessados, em razão do julgamento que se aproxima, no desprestígio do STF.
Essa teoria conspiratória, por evidente, tenta esconder o verdadeiro culpado, que é o corporativismo. Quando foi proposta pela AMB a ação voltada a declarar inconstitucional o poder correcional autônomo do CNJ, não se cogitava em se colocar em pauta o Mensalão.
Pano rápido. O grande culpado pelo abalo na reputação é o corporativismo togado, em especial da AMB, já presidida por um ministro que, pelo CNJ, foi aposentado sob acusação de vender decisões em favor de narcotraficantes.  Se a tese da AMB vingar, o seu ex-presidente, Paulo Medina, voltará a vestir a toga.

Wálter Fanganiello Maierovitch

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