Pesquisar este blog

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Um alerta àqueles que acreditam na eficiência pedagógica da pena de morte ... nossa Justiça nunca esteve em boas mãos !!!

 

Mecânico preso por 19 anos por engano morre horas após saber que receberia indenização

Aliny Gama
Do UOL Notícias
 
Foi enterrado nesta quarta-feira (23), no cemitério de Santo Amaro, no Recife, o corpo do ex-mecânico Marcos Mariano da Silva, 63. Ele morreu enquanto dormia nesta terça-feira (22), horas após receber a notícia de que o STJ (Superior Tribunal de Justiça) havia determinado que o governo de Pernambuco efetuasse o restante do pagamento da indenização por ele ter sido preso injustamente durante 19 anos no presídio Professor Aníbal Bruno.
Segundo o Serviço de Verificação de Óbito, Silva teve um infarto fulminante enquanto dormia na tarde de ontem. Para o STJ, o caso dele foi a "mais grave violação" aos direitos humanos já registrado no país.
Silva ingressou com uma ação por danos morais e materiais no Tribunal de Justiça de Pernambuco pedindo a indenização de R$ 2 milhões e um pensão de R$ 1.200 mensais. O pedido foi acatado em 2006, mas o governo do Estado recorreu da decisão no STJ.
Segundo o advogado de Silva, José Afonso Bragança, o cliente recebia mensalmente a pensão e tinha ganhado parte da indenização – cerca de R$ 1 milhão – somente em 2009. Agora, com a decisão do STJ, a indenização deverá ser recalculada para ser paga à viúva de Silva, Lúcia Vicente Rodrigues.
O ex-mecânico tinha 28 anos e trabalhava como mecânico quando foi preso, em 1976, acusado de assassinato. A prisão equivocada ocorreu porque ele tinha o mesmo nome do homem que cometeu o crime.
Seis anos depois da prisão, o verdadeiro criminoso foi encontrado, e Silva, libertado, mas em uma blitz, três anos depois, ele foi preso novamente porque foi considerado foragido.
A acusação errada o deixou mais 13 anos preso tentando a liberdade. Na prisão, conheceu a atual esposa, Lúcia Rodrigues. O casal adotou uma criança depois que Silva ganhou a liberdade.
Segundo o advogado, foi durante um mutirão judicial, aos 47 anos, que Silva ganhou a liberdade, mas já não tinha mais saúde para trabalhar, se recuperar do trauma da prisão e seguir a vida.
“A esposa dele o deixou, ele ficou cego e ainda contraiu tuberculose no período em que ficou na prisão. O trauma foi muito grande, mas não deu tempo de ele comemorar a decisão da Justiça porque foi dormir, como fazia todas as tardes, e não acordou mais.”
Bragança contou que foi ele próprio que informou ao cliente a decisão do STJ, dada por unanimidade nesta terça-feira. “Ele nunca perdeu a esperança e sempre acreditou que a Justiça seria feita. Pelo menos nesses últimos anos pode ter uma vida melhor, mais digna. Comprou uma casa, ajudou a família e viveu com um certo conforto.”
O advogado afirmou que agora, devido à morte de Silva, iniciará uma nova batalha na Justiça para recalcular o valor restante da indenização e para que a viúva, Lúcia Vicente Rodrigues, receba o dinheiro.
“Essa decisão foi a segunda que o Estado recorreu e perdeu”, disse o advogado, segundo quem foram cinco anos de espera para que saísse a decisão do STJ.

Nenhum comentário: