Mesmo com protesto de senador goiano, fim do 15 salário no Congresso é aprovado.Senador tucano se destacou pelo ridículo...
BRASÍLIA. Mesmo com o tradicional chororô e com as ironias dos que
continuaram reclamando que senador ganha pouco, a Comissão de Assuntos
Econômicos do Senado (CAE) aprovou ontem, por unanimidade, projeto de
decreto legislativo que acaba com a farra dos salários extras dos
parlamentares, os chamados 14 e 15 salários, sobre os quais eles não
pagam Imposto de Renda.
Para não pagar o preço da execração pública, alguns senadores
votaram a favor à força e não esconderam a revolta com o fim dos dois
extras, de R$ 26,7 mil, pagos no início e no fim de cada ano.
O senador Ivo Cassol (PP-RO), que na semana passada reclamou que
senador é muito mal remunerado e impediu a votação da matéria, hoje não
apareceu e mandou um voto em separado a favor.
A revolta maior, ontem, foi manifestada pelo senador Cyro Miranda
(PSDB-GO), suplente de Marconi Perillo, governador de Goiás. Cyro disse
que o salário de R$ 19 mil líquidos não é condizente com as atividades
de um senador - não levando em conta que, somando todas outras verbas e
auxílios, além de outros benefícios, o custo mensal de um senador
chega a R$ 170 mil.
- Esse valor está há oito anos sem correção! E quando tem correção, a
sociedade grita! Eu não vivo de salário de senador, tenho outras
atividades, mas tenho pena daqueles que são obrigados a viver com R$ 19
mil líquidos, com a estrutura que temos aqui - reclamou Cyro Miranda,
antes de também votar a favor do projeto.
Cyro, que em 2006 declarou à Justiça Eleitoral patrimônio de R$ 3 milhões, provocou espanto em alguns colegas.
- Meu Deus do céu! Eu ando nas ruas, vejo as pessoas! Como um
senador pode dizer uma coisa dessas? - disse o senador Lindbergh Farias
(PT-RJ), autor do projeto.
O senador Benedito de Lira (PP-AL) recorreu à ironia para demonstrar
seu incômodo em votar sim. Pediu a Lindbergh que incluísse em seu
relatório também o fim do 13 salário dos parlamentares, sugerindo que o
petista deveria também abdicar deste direito:
- Lindbergh poderia até, talvez, instituir a honorabilidade para o
cargo de senador, já que seria um grande honra ser senador e servir ao
seu país!
A senador Ana Amélia Lemos (PP-RS) sugeriu a Lindbergh que fizesse
uma emenda para proibir que ministros e servidores aumentem seus
salários com jetons de conselhos de estatais. O projeto segue agora
para a Mesa Diretora do Senado e será votado no plenário da Casa.
Depois, ainda precisa tramitar na Câmara. |
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