Frederico Vasconcelos
Presidente do STF defende sigilo sobre diligências em processos criminais
O “Correio Braziliense” reproduz reportagem da Agência Brasil,
informando que o ministro Cezar Peluso, que deixa a presidência do
Supremo Tribunal Federal (STF) em abril, distribuiu nota técnica a ser
apreciada pelos ministros, incluindo regras para a omissão total de
inquéritos, os chamados “processos ocultos” (*).
Segundo a reportagem, a medida é sugerida na véspera da implantação da Lei de Acesso à Informação nos órgãos públicos,
Trata-se de categoria ainda mais restritiva que a do segredo de
Justiça, pois o processo deixa de existir para o público externo e fica
disponível apenas para um grupo de 236 funcionários do STF. Atualmente,
essa classificação é adotada em processos de extradição e a critério dos
relatores nos demais processos criminais, informa o texto.
“Há casos, todos sabemos, em que a divulgação do andamento do
processo criminal ou de informações sobre diligências não cumpridas
atenta contra a segurança da sociedade e do Estado. Para essas
hipóteses, não deve haver, ao menos inicialmente, acesso externo.
Processos e diligências devem permanecer sob sigilo”, defende Peluso,
ainda segundo a mesma reportagem.
Outro tema discutido é o uso de iniciais para identificar partes em
inquéritos, inovação implantada por Peluso em março do ano passado.
Atualmente, são os relatores que decidem se mantém as iniciais ou se
abrem o nome completo dos envolvidos. A ideia de Peluso é que todos os
ministros ratifiquem sua ideia, uniformizando o padrão do Tribunal.
Em reunião administrativa na quarta-feira (28/3), o ministro Marco
Aurélio Mello disse que as ideias de Peluso vão contra o princípio
constitucional da publicidade e transparência. “Não cabe ao Poder
Judiciário definir o regime de publicidade dos processos que nele
tramitam sob pena de incidir em arbítrio”, disse. Ele foi apoiado pelo
ministro Carlos Ayres Britto, futuro presidente do STF.
A restrição de informações foi defendida por Dias Toffoli e Ricardo
Lewandowski. “Todos somos favoráveis à transparência e à publicidade,
mas quando se trata de principios constitucionais, se tem que fazer uma
ponderação de valores, como a dignidade da pessoa humana. A publicidade
não pode ser um princípio absoluto”, disse Lewandowski.
Devido à polêmica, o ministro Luiz Fux decidiu pedir vista para analisar melhor as propostas de Peluso.
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