Mino Carta no Largo São Francisco (USP)
Mino Carta, o diretor de redação de CartaCapital,
palestrou na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, da USP, na
noite desta sexta-feira 9/3. Em pauta: a leniência da mídia com a “casa
grande” da sociedade brasileira, a regulamentação da mídia e os prós e
contras do governo de Luiz Inácio Lula de Silva.
O diretor de redação da Carta defende uma regulamentação dos meios de
comunicação a fim de se evitar monopólios de mídia. “Deveria haver uma
lei que impedisse que as grandes empresas fossem donas de tudo. Nos
países democraticamente mais avançados já existe essa regulação”,
afirmou.
Mino enfatizava sua decepção com a população brasileira, uma vez que
mesmo sabendo de todos os problemas do governo continua inerte. “O
Brasil é um dos principais países em desigualdade social. Recentemente
outros seis brasileiros entraram na lista de pessoas mais ricas do
mundo, enquanto a população de miseráveis é vasta”, contabilizou.
A mídia é uma das responsáveis por essa inércia, segundo ele. O
jornalista declarou que o papel da imprensa seria o de ter uma
disposição corajosa em enfrentar o governo, mas costuma fazer o oposto.
“A imprensa nativa é parte integrante do poder, por isso está sempre a
favor da ‘casa grande.’” Carta lembrou o exemplo da campanha de
reeleição do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, construída sobre a
garantia da estabilidade do real. A mídia o considerava candidato ideal
para o Brasil naquele momento, mas omitiu que 12 dias após assumir o
poder, FHC mudou a moeda. “A imprensa se esforça para esconder os fatos e
a população vive na ignorância. E a minoria mais ou menos abastada
acredita nas mentiras oferecidas pelos meios de comunicação”, comentou.
Quando questionado sobre a posição política de CartaCapital, Mino
Carta admitiu a “simpatia desabusada” que a publicação sente em relação
aos governos de Lula e Dilma. “Nós achamos fantástico o fato de um
operário ter chegado à presidência da república, mas isso não fez com
que deixássemos de criticar algumas medidas adotadas por ele”,
ressalvou.
Mino cita o caso da Copa do Mundo de 2014. “Sediar o mundial de
futebol foi uma medida populista adotada por Lula e Dilma é quem está
tendo que lidar com os problemas”, explicou. Para ele, o fato de ela ter
feito a concessão aos aeroportos foi uma medida desesperada para evitar
um desastre durante o campeonato. E teorizou: “Se a Copa for um
fracasso, isso vai repercutir no mundo inteiro e provavelmente vai
destruir a campanha de reeleição”.
Ele também recordou seus tempos de faculdade. Ele contou que em 1952,
quando cursava Direito no próprio Largo São Francisco, a faculdade
fervilhava com o movimento estudantil. “Se tudo que acontece hoje em dia
fosse naquele tempo, nós já teríamos incendiado esse prédio”, brincou.
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