1º de abril de 2012 , por Emir Sader
A direita brasileira aderiu, em bloco, ao campo norte-americano durante a
guerra fria, adotando a visão de que o conflito central no mundo se
dava entre “democracia” (a “liberal”, naturalmente) e o comunismo (sob a
categoria geral de “totalitarismo” para tentar fazer com que aparecesse
como da mesma família do nazismo e do fascismo).
Com esse arsenal, se diabolizava todo o campo popular: as políticas de desenvolvimento econômico, de distribuição de renda(centradas nos aumentos do salário mínimo), de reforma agrária, de limitação do envio dos lucros das grandes empresas transnacionais para o exterior), como políticas “comunizantes”, que atentavam contra “a liberdade”, juntando liberdades individuais com as liberdades das empresas para fazer circular seus capitais como bem entendessem.
Getúlio Dorneles Vargas (São Borja-RS, 19 de abril de 1882 — Rio de Janeiro, 24 de agosto de 1954)
A direita brasileira nunca – até hoje – se refez da derrota
sofrida com a vitória de Getúlio em 1930, com a construção do Estado
Nacional, o projeto de desenvolvimento econômico com distribuição de
renda, o fortalecimento do movimento sindical e da ideologia nacional e
popular que acompanhou essas iniciativas. Foi uma direita sempre
antigetulista, antiestatal, antissindical, antinacional e antipopular.
Getúlio era o seu diabo – assim como agora Lula ocupa esse papel -, quem representava a derrota da burguesia paulista, da economia exportadora, das oligarquias que haviam governado o país excluindo o povo durante décadas. A direita foi golpista desde 1930, começando pelo movimento – chamado por Lula de golpista, de contrarrevolução – de 1932, que até hoje norteia a direita paulista, com seu racismo, seu separatismo, seu sentimento profundamente antipopular.
A direita caracterizou-se pelo chamado aos quarteis quando perdiam eleições -e perderam sempre, em 1945, em 1950, em 1955, ganharam e perderam com o Jânio em 1960 – pedindo para “salvar a democracia”, intervindo militarmente com golpes. Seu ídolo era o golpista Carlos Lacerda [UDN, hoje DEM]. Esse era o tom da mídia –Globo, Folha, Estadão etc., etc.
Getúlio era o seu diabo – assim como agora Lula ocupa esse papel -, quem representava a derrota da burguesia paulista, da economia exportadora, das oligarquias que haviam governado o país excluindo o povo durante décadas. A direita foi golpista desde 1930, começando pelo movimento – chamado por Lula de golpista, de contrarrevolução – de 1932, que até hoje norteia a direita paulista, com seu racismo, seu separatismo, seu sentimento profundamente antipopular.
A direita caracterizou-se pelo chamado aos quarteis quando perdiam eleições -e perderam sempre, em 1945, em 1950, em 1955, ganharam e perderam com o Jânio em 1960 – pedindo para “salvar a democracia”, intervindo militarmente com golpes. Seu ídolo era o golpista Carlos Lacerda [UDN, hoje DEM]. Esse era o tom da mídia –Globo, Folha, Estadão etc., etc.
Roberto Marinho (Organizações “Globo”) e a grande mídia em geral sempre de braços com ditadores e a direita
Era normal, então, que a direita apoiasse, de forma totalmente
unificada, o golpe militar. Vale a pena dar uma olhada no tom dos
editoriais e da cobertura desses órgãos no período prévio ao golpe a
forma como saudaram a vitória dos militares. Cantavam tudo como um “movimento democrático”, que resgatava a liberdade contra as ameaças do “comunismo” e da “subversão”.
Aplaudiram as intervenções nos sindicatos, nas entidades estudantis, no Parlamento, no Judiciário, foram coniventes com as versões mentirosas da ditadura e seus órgãos repressivos sobre como se davam as mortes dos militantes da resistência democrática.
Aplaudiram as intervenções nos sindicatos, nas entidades estudantis, no Parlamento, no Judiciário, foram coniventes com as versões mentirosas da ditadura e seus órgãos repressivos sobre como se davam as mortes dos militantes da resistência democrática.
“Veja” apoia e elogia a ditadura (texto de 1970)
Por isso, a cada primeiro de abril, a mídia não tem coragem de recordar
suas manchetes, seus editoriais, sua participação na campanha que
desembocou no golpe. Porque esse mesmo espírito segue orientando a
direita brasileira – e seus órgãos da mídia -, quando veem que a massa do povo apoia o governo (O
desespero da UDN chegou a levar a que ela propusesse o voto
qualitativo, em que o voto de um engenheiro valesse muito mais do que o
voto de um operário). Desenvolvem a tese de que os direitos sociais
reconhecidos pelo governo são formas de “comprar” a consciência do povo
com “migalhas”.
Prega a ruptura democrática, quando se dá conta que as forças progressistas têm maioria no país. Não elegem presidentes do Brasil desde 1998, isto é, há 14 anos e têm pouca esperança de que possam vir a eleger seus candidatos no futuro. Por isso, buscam enfraquecer o Estado, o governo, as forças do campo popular, a ideologia nacional, democrática e popular.
É uma direita herdeira e viúva de Washington Luis (e do seu continuador FHC, ambos cariocas de nascimento adotados pela burguesia paulista) e inimiga feroz do Getúlio e do Lula. (Como recordou Lula em São Paulo, não ha nenhum espaço público importante com o nome do maior estadista brasileiro do século passado, o Getúlio, e tantos lugares importantes com o nome do Washington Luis e do “9 de julho”).
É uma direita golpista, elitista, racista, que assume a continuidade da velha república, de 1932, do golpe de 1964 e do neoliberalismo de FHC.”
Prega a ruptura democrática, quando se dá conta que as forças progressistas têm maioria no país. Não elegem presidentes do Brasil desde 1998, isto é, há 14 anos e têm pouca esperança de que possam vir a eleger seus candidatos no futuro. Por isso, buscam enfraquecer o Estado, o governo, as forças do campo popular, a ideologia nacional, democrática e popular.
É uma direita herdeira e viúva de Washington Luis (e do seu continuador FHC, ambos cariocas de nascimento adotados pela burguesia paulista) e inimiga feroz do Getúlio e do Lula. (Como recordou Lula em São Paulo, não ha nenhum espaço público importante com o nome do maior estadista brasileiro do século passado, o Getúlio, e tantos lugares importantes com o nome do Washington Luis e do “9 de julho”).
É uma direita golpista, elitista, racista, que assume a continuidade da velha república, de 1932, do golpe de 1964 e do neoliberalismo de FHC.”
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