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sábado, 28 de abril de 2012

28 de Abril: Dia Mundial em Memória às Vítimas de Acidente de Trabalho


A comemoração surgiu em memória aos 78 trabalhadores que, em 28 de abril de 1969, morreram na explosão de uma mina em Farmington, nos Estados Unidos. Instituída pela Organização Internacional do Trabalho em 2003, a data marca a luta pela prevenção de acidentes. 

Por: Suzane G. Frutuoso - Jornal da Tarde

No dia em memória às vitimas de acidentes de trabalho, lembrado hoje, a situação no Brasil ainda tem muito o que melhorar. Isso porque o número de casos registrados no País extrapola o que se pode considerar tolerável, segundo especialistas, e atinge os mais diversos ramos de atividade.

Segundo o Ministério Público do Trabalho-2ª Regional de São Paulo (que engloba 46 cidades da Região Metropolitana, Baixada Santista e a capital), em 2010 foram registradas 722 autuações relacionadas às más condições no ambiente profissional (incluídas operações insalubres, penosas, doença sanitária, ergonomia etc) ante 799 em 2011, alta de 10,6%. As autuações configuram o início da investigação, que pode durar anos. Já dados do Ministério da Previdência sobre pedidos de auxílio doença originados pela atividade profissional no País passaram de 327 mil em 2010 para 319 mil em 2011.
Apesar do índice nacional mostrar diminuição, especialistas dizem que o registro de mais de 300 mil doentes por causa de atividade exercida é significativo – e inaceitável. “O Brasil é a sexta economia do mundo e fica em décimo no ranking de nações com mais acidentes de trabalho”, diz Denise Delboni, professora de relações do trabalho da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP).

Como a fiscalização nas fábricas aumentou, nos próximos anos haverá uma inversão da concentração dos problemas. “Empregados do setor de serviços e de escritórios em geral convivem com carga excessiva de trabalho, pressão para alcance de metas e a sensação constante de ameaça de desemprego”, diz Denise.

Para Cláudio Dedecca, professor de economia social e trabalho da Unicamp, a tendência é mundial. “Há uma transição de histórias de mutilações, por exemplo, para casos de doenças psicossomáticas, como depressão.” Um dos entraves para que esse quadro não se agrave é a fragilidade dos sindicatos. “A maioria tem uma atuação inexpressiva, diferente do que acontece em outros países.”

O primeiro passo para resolver algo que prejudique o funcionário é tentar o diálogo com o superior. Se o clima não permite essa aproximação, o empregado pode fazer uma denúncia sem revelar sua identidade ao Ministério Público do Trabalho (leia abaixo).
Reclamar de um ambiente insalubre é exercer a cidadania, diz Luiz Edmundo Rosa, diretor de educação da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH-Nacional). “E não só do que nos atinge, mas também é necessário denunciar quando quem sofre é o colega.” Ele ressalta que o estresse leva muitos profissionais ao erro. “Portanto, não lute contra a resistência do organismo.”

Construção civil e transporte rodoviário são as áreas com pior condições de trabalho que levam a acidentes. Comércio e bancos são os principais setores em que fatores emocionais desequilibram a saúde do funcionário.

O governo federal lançou ontem o Plano Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho para integrar ações que assegurem melhores condições no ambiente e nas relações de trabalho. As iniciativas serão conduzidas pelos ministérios do Trabalho, da Previdência e da Saúde. Entre os objetivos estão a harmonização da legislação trabalhista, sanitária e previdenciária relacionadas à saúde e segurança do trabalho; a integração das ações governamentais para o setor e medidas especiais para atividades de alto risco.


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