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segunda-feira, 30 de abril de 2012

1º de Maio – OIT considera situação do desemprego extremamente alarmante


Natasha Pitts / Adital
Nesta segunda-feira (30), véspera do Dia Internacional do Trabalhador – 1º de Maio - a Organização Internacional do Trabalho (OIT) lançou o Relatório sobre o Trabalho no Mundo 2012: Melhores empregos para uma economia melhor. O documento faz uma análise da situação do emprego no mundo e aponta que ela está se deteriorando sem indicativos de que deve melhorar em curto prazo.


Desde o ano passado, os mercados laborais vêm sendo afetados pela desaceleração do crescimento mundial. A isto se soma o fato de que estes mercados ainda não estavam totalmente recuperados da crise econômica que despontou em 2008. O resultado é que hoje faltam 50 milhões de empregos no mundo se comparado com a situação que se tinha antes da crise econômica mundial de quatro anos atrás.
"É pouco provável que durante os próximos dois anos a economia mundial cresça a um ritmo suficiente para reduzir o atual déficit de emprego, e oferecer trabalho a mais de 80 milhões de pessoas que se calcula que entrarão no mercado de trabalho durante este período”, avalia o relatório da OIT.
Mesmo com o crescimento econômico apresentado por algumas regiões, a situação pode ser definida como extremamente alarmante. A OIT alerta que está surgindo uma nova e mais intensa fase de crise mundial do emprego. Isto se deve a uma soma de fatores. O primeiro é a combinação entre austeridade fiscal e drásticas reformas trabalhistas, plano adotado por governos com economias avançadas.
"A excessiva importância que muitos países da eurozona estão dando à austeridade fiscal está aprofundando a crise do emprego e poderia inclusive conduzir a outra recessão na Europa, explicou Raymond Torres, diretor do Instituto Internacional de Estudos do Trabalho e um dos autores do relatório.
Outro fator é a perda de competência e desmoralização das pessoas que buscam trabalho em países com economias avançadas. A OIT também esclarece que as pequenas empresas estão tendo dificuldade em acessar crédito, situação que impossibilita a criação de novos postos de trabalho. Dessa forma, nos países que adotaram este plano, em especial nos países da Europa, não se vislumbra uma recuperação do emprego antes de 2016.
O relatório também acrescenta que a crise mundial do emprego é reforçada pela criação de empregos precários. Em 26 das 50 economias pesquisadas, as chamadas ‘formas não convencionais de emprego’ se incrementaram nos últimos anos.
"No entanto, alguns países conseguiram gerar empregos e ao mesmo tempo melhorar a qualidade do trabalho, ou pelo menos um de seus aspectos. Por exemplo, no Brasil, Indonésia e Uruguai as taxas de emprego aumentaram e a incidência de trabalho informal diminuiu. Isto se deve à introdução de políticas sociais e trabalhistas adequadas”, explica o informe.
Mais um fator que colabora para a crise do emprego mundial é a degradação do clima social e o consequente aumento das tensões. No Índice de Tensão Social apresentado no relatório, em 57 dos 106 países analisados o risco de tensão social cresceu em 2011 se comparado com 2010. As regiões com maior incremento foram África Subsaariana e Oriente Médio e África do Norte.
Além da crise do emprego, estas medidas provocam consequências como o aumento da taxa de pobreza na metade das economias desenvolvidas e em um terço das economias em desenvolvimento e o crescimento da desigualdade na metade dos países desenvolvidos e em um quarto dos países em desenvolvimento.
O desemprego juvenil também aumentou 80% nos países desenvolvidos e dois terços nas economias em desenvolvimento. Já em 26 dos 40 países dos quais se tem dados foi possível constatar que a quantidade de trabalhadores amparados por acordos coletivos de trabalho diminuiu entre 2000 e 2009.
Para combater esta deterioração cada vez mais séria do emprego e suas graves consequências a OIT propõe a adoção de uma combinação de políticas favoráveis à criação de emprego, baseada em impostos e no aumento dos investimentos públicos e benefícios sociais. Desta forma, ao menos nas economias avançadas seria viável a criação de cerca de dois milhões de postos de trabalho.

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