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terça-feira, 10 de abril de 2012

Folha de São Paulo: Governo e banco pagam encontro de magistrados no AM

FLÁVIO FERREIRA
De São Paulo
KÁTIA BRASIL
De Manaus

Presidentes de Tribunais de Justiça se reuniram em Manaus em agenda que incluía palestras e turismo. Presidente do TJ-AM não vê conflito de interesses e afirma que evento ajuda a promover o Estado.
O último encontro de presidentes de Tribunais de Justiça estaduais, realizado em um hotel de luxo em Manaus no fim de semana retrasado, teve despesas pagas pelo governo do Estado do Amazonas e pelo Bradesco.
Na programação do 91º Encontro do Colégio Permanente de Presidentes de Tribunais de Justiça não houve apenas palestras e reuniões, mas também eventos sociais e de turismo, como um passeio em iate pelo rio Negro.
Segundo o presidente do TJ do Amazonas, João Simões, o encontro custou cerca de R$ 200 mil. Simões não revelou quanto cada patrocinador investiu, mas afirmou que o maior apoiador foi o governo estadual.
Dos 25 tribunais que enviaram representantes ao evento, 14 responderam à Folha sobre como foram pagas as despesas de hospedagem, transporte e alimentação dos presidentes, assessores e acompanhantes.
No total, as cortes gastaram cerca de R$ 43 mil com a viagem de magistrados ou assessores. Segundo as assessorias dos TJs, despesas de acompanhantes foram pagas pelos próprios magistrados.
Na primeira noite houve uma cerimônia de abertura e um jantar com apresentação de danças folclóricas e cantores famosos na região.
No dia seguinte, os presidentes dos TJs se reuniram no salão nobre do hotel por cerca de oito horas, para discutir temas do Judiciário e assistir a duas palestras, sobre o controle do Judiciário pelos Tribunais de Contas e a gestão de preços em licitações.

Os acompanhantes dos magistrados fizeram um "city tour" por Manaus, incluindo uma visita a uma fábrica de relógios.
No sábado, a maior parte dos magistrados e acompanhantes fez um passeio pelo rio Negro no iate de luxo Iana II, de três andares, que costuma ser usado por artistas e políticos da região.
POLÊMICA

O Tribunal de Justiça do Amazonas e o Bradesco já foram protagonistas de uma polêmica no meio jurídico do Estado no ano passado.
A pedido do banco, o TJ-AM promoveu dois mutirões de conciliação judicial em que 90% dos processos tinham como autor o próprio banco ou empresas do grupo.
Esses mutirões são períodos de esforço concentrado do Judiciário para buscar entendimento entre as partes. Servidores dos tribunais selecionam processos com chances de acordo e os submetem às tentativas.
Segundo a Associação dos Magistrados do Amazonas, ofício encaminhado pelo TJ a juízes das varas cíveis e de registros públicos determinava que apenas processos indicados pelo Bradesco fossem incluídos na pauta de conciliação. O banco não quis se pronunciar sobre o caso.

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