Conselho
suspeita que magistrados do TJ acumularam patrimônio incompatível
com a renda declarada
Juízes
negam prática de irregularidade e alegam desconhecer que sejam alvo
de sindicância pela Corregedoria do CNJ
FREDERICO
VASCONCELOS
FLÁVIO FERREIRA
DE SÃO PAULO
FLÁVIO FERREIRA
DE SÃO PAULO
Cinco
desembargadores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul são
alvo de investigação do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) sob
suspeita de possuir patrimônio incompatível com a renda.
Em
2011, o CNJ abriu sindicância sigilosa sobre a evolução
patrimonial dos magistrados Claudionor Abss Duarte, Paulo Alfeu
Puccinelli, João Carlos Brandes Garcia, Joenildo de Souza Chaves e
Marilza Lúcia Fortes, incluindo parentes deles.
Portaria
da ministra Eliana Calmon, que é corregedora do CNJ, determinou ação
fiscal para apurar eventuais "gastos ou investimentos
incompatíveis com os rendimentos declarados".
Foram
pedidas informações à Receita Federal, Coaf (Conselho de Controle
de Atividades Financeiras), Detran, cartórios de imóveis, Banco
Central e Polícia Federal.
A
Folha teve acesso ao teor das investigações ao consultar no
site do Supremo Tribunal Federal o processo em que associações de
magistrados questionam os poderes da corregedoria para investigar
magistrados e servidores.
BENS
DECLARADOS
Claudionor
Duarte declarou, em 2001, patrimônio de R$ 1,7 milhão, que chegou a
R$ 3,6 milhões em 2006 e a R$ 15 milhões em 2007.
Duarte
mantém atividades rurais com Benjamin Steinbruch, presidente da
Companhia Siderúrgica Nacional, com quem divide receitas e despesas.
Steinbruch não está sob investigação.
O
empresário, colunista da Folha, afirma que é amigo do
desembargador desde 1990. "A partir de 1996 iniciamos atividade
agropecuária como produtores rurais. Todas as movimentações
financeiras realizadas por esta parceria constam das minhas
declarações de Imposto de Renda", diz Steinbruch.
Em
2007, Duarte registrou dívidas de R$ 7,2 milhões com Steinbruch, e
de R$ 6 milhões com vendedores de uma fazenda que ele comprou por R$
12 milhões. Para quitar parte das dívidas, essa fazenda teria sido
dada em pagamento a uma empresa de Steinbruch.
Duarte
declara a exploração rural de 12 mil hectares em 2002 (43,7 mil em
2009). Registrou 10,4 mil cabeças de gado, em 2009. Segundo o CNJ,
ele foi o maior vendedor em vários leilões de gado. Ao final de
2002 e 2004, declarou possuir R$ 240 mil e R$ 200 mil em espécie,
respectivamente.
Paulo
Alceu Pucinelli registrou bens no total de R$ 1,4 milhão, em 2008 e
de R$ 692,6 mil em 2009. O CNJ suspeita que a diminuição do
patrimônio se deu por meio de transferências "artificiais"
de recursos para o filho.
Pucinelli
foi sócio, com outros três desembargadores, na Agropecuária
Caraguatá. O CNJ viu indícios de subfaturamento na aquisição de
um terreno por João Brandes Garcia. Na sua declaração de 2009,
constam obras de arte (R$ 301,9 mil) e dinheiro em espécie (R$ 341,2
mil).
Joenildo
de Souza Chaves adquiriu, em 2004, uma fazenda por R$ 360 mil, pagos
em espécie. Marilza Lúcia declarou bens no total de R$ 2 milhões,
em 2009, R$ 350 mil em espécie.
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