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sábado, 12 de maio de 2012

CPT mostra que mortes, ameaças e trabalho escravo ainda são constantes no campo


Natasha Pitts
Jornalista da Adital

Na manhã desta segunda-feira (7), a Comissão Pastoral da Terra (CPT) lançou em Brasília, Distrito Federal brasileiro, a 27ª edição do relatório ‘Conflitos no Campo’. Publicado anualmente, o apanhado de informações busca visibilizar o cenário de violência e conflitos vividos no campo e enfrentado por trabalhadores/as rurais. O documento, que revela dados de 2011, também mostra manifestações pela defesa e garantia de direitos.


Neste mesmo dia, CPT entregou o relatório à ministra da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Maria do Rosário Nunes, ao Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo e ao Ministro do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas. Além disso, deve protocolar o documento no ministério do Meio Ambiente e de Minas e Energia, e na Secretaria Geral da Presidência da República.
A Comissão quer chamar atenção para a violência que se espalha no campo e para a necessidade de resolver este problema com ações demandadas há anos, como a reforma agrária, assunto ausente na pauta do governo de Dilma Roussef. Segundo o relatório, no primeiro ano de mandato da presidenta, foi notado o menor número de famílias assentadas desde 1995. Situação apontada como "decepcionante”.
Desta forma, fatores como a luta pela terra desencadeiam centenas de mortes, ameaças e perseguições a trabalhadores e trabalhadoras rurais, ambientalistas, comunidades tradicionais, indígenas, quilombolas e movimentos sociais.
Em 2011, os conflitos no campo chegaram à cifra de 1.363 casos, número superior ao de 2010, quando se registrou 1.186 casos. Já os conflitos por terra passaram de 853, em 2010, para 1.035, aumento de 21,32%.
Carlos Walter Porto Gonçalves, um dos responsáveis pelo capítulo sobre "Terra” do relatório, destaca que os conflitos protagonizados pelo poder privado (fazendeiros, empresários, madeireiros e outros) aumentaram. No ano passado, eles foram responsáveis por 689 das 1.035 ocorrências de conflitos por terra. O relatório também especifica que o poder público foi responsável por menos de 100 ações, entre despejos e prisões, e os movimentos sociais responderam por 230 ações, entre ocupações e acampamentos.
A violência também se fez presente no meio rural em 2011. A CPT registrou 29 assassinatos, cinco a menos que ano passado. No entanto, a Comissão avalia que a repercussão de algumas mortes ocorridas em 2011 foi maior do que em anos anteriores, como foi o caso dos assassinatos do casal José Cláudio e Maria do Espírito, no estado do Pará, de Adelino Ramos, em Rondônia, e do cacique indígena Nísio Gomes, no Mato Grosso do Sul.
O relatório detalha que dos 29 assassinados sete já haviam recebido ameaças de morte. Prática que cresceu no último ano e passou de 125 (2010) para 347 (2011). Os alvos das ameaças, em sua maioria, são índios, quilombolas, ambientalistas e o Ministério Público. A CPT também revela dados sobre o trabalho escravo e mostra que esta é uma "chaga que não cicatriza”. O número de ocorrências passou de 204 para 230, em 19 estados.
Ao mostrar dados do início deste ano, a Comissão mostra que a violência continua a assustar a população do campo. De janeiro a abril, 12 trabalhadores/as foram assassinados em conflitos no campo e dezenas de trabalhadores/as, indígenas, militantes, sindicalistas e lideranças já foram ameaçados.
Apesar disso, "mesmo em meio a tantos conflitos, às violências e agressões constantes, a capacidade de resistência e luta dos povos indígenas, das comunidades quilombolas e de outras comunidades camponesas não arrefece. Apesar de tudo a capacidade de resistência e luta dos povos indígenas, das comunidades quilombolas e de outras comunidades camponesas não arrefece”, assegura a CPT em nome da população do campo.

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