por Conceição Lemes
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Foi adiada para esta sexta-feira no cemitério no cemitério São João
Batista, Ilhéus, Bahia, a exumação do corpo do senhor Ivo Teles dos
Santos, 70 anos, aposentado e ex-morador do Pinheirinho, em São José dos
Campos (SP). Ele foi uma das vítimas da violência policial na
reintegração de posse do terreno, em 22 de janeiro deste ano.
“O senhor Ivo foi espancado por policiais militares no dia da reintegração de posse”, denunciou no início de fevereiro ao Viomundo o
deputado Renato Simões, conselheiro do Conselho Estadual de Defesa dos
Direitos da Pessoa Humana (Condepe), onde representa o movimento
nacional de direitos humanos. “Várias testemunhas viram-no ser
espancado, depois ser levado para dentro do Pinheirinho.”
No dia 27 de janeiro, o aposentado foi dado como desaparecido. Seu
paradeiro só foi descoberto em 3 de fevereiro pela ex-companheira, dona
Osorina Ferreira de Souza, que, depois de peregrinar por diversos
lugares, achou-o em coma, entubado, na UTI do Hospital Municipal de São
José dos Campos. Estava lá desde 22 de janeiro.
O hospital disse que o senhor Ivo teve acidente vascular hemorrágico
(AVCH). Parlamentares e integrantes do Condepe questionam, pois o
aposentado apanhou muito e foi visto, mal conseguindo andar, cheio de
hematomas.
No dia 21 de março, portanto dois meses depois, teve alta médica, e a
filha Ivanilda Jesus dos Santos o levou para Ilhéus. No dia 8 de abril,
deu entrada no Hospital Regional de Ilhéus em estado grave e faleceu.
Nesse período, Ivanilda foi procurada duas vezes lá por Wilker dos
Santos Lopes e Luis Magda Nascimento, oficiais da PM de São Paulo.
Wilker é capitão do batalhão da PM de São José dos Campos, preside o
inquérito policial-militar que apura o caso e foi para Ilhéus acompanhar
a exumação, prevista para esta quinta-feira.
“O capitão Wilker quis mudar o horário da exumação e pressionou a
família para que só os parentes acompanhassem. Como não deu certo, aí,
proibiu apresença de Renato Simões e de outros observadores à exumação”,
denuncia o deputado estadual Adriano Diogo (PT-SP), que é presidente da
Comissão da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de
São Paulo. “Depois de muita discussão, com a ajuda da justiça local, foi
autorizado que Renato assistisse à exumação a 10 metros de distância.”
Devido a esses problemas e ao adiantado da hora, a exumação acabou sendo transferida para amanhã às 8h30.
“É um absurdo capitão Wilker agir assim. Além de abuso de poder, é
obstrução ao nosso trabalho de garantir a transparência à exumação”, vai
mais fundo Adriano Diogo. “Se o capitão não receia nada, por que coibir
a presença do Renato ao ato? Quem não deve, não tem o que temer.”
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