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quinta-feira, 28 de junho de 2012

PM tentou proibir conselheiro do Condepe de assistir à exumação do corpo de ex-morador do Pinheirinho



por Conceição Lemes

Foi adiada para esta sexta-feira no cemitério no cemitério São João Batista, Ilhéus, Bahia, a exumação do corpo do senhor Ivo Teles dos Santos, 70 anos, aposentado e ex-morador do Pinheirinho, em São José dos Campos (SP). Ele foi uma das vítimas da violência policial na reintegração de posse do terreno, em 22 de janeiro deste ano.
“O senhor Ivo foi espancado por policiais militares no dia da reintegração de posse”, denunciou no início de fevereiro ao Viomundo o deputado Renato Simões, conselheiro do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe), onde representa o movimento nacional de direitos humanos. “Várias testemunhas viram-no  ser espancado, depois ser levado para dentro do Pinheirinho.”
No dia 27 de janeiro, o aposentado  foi dado como desaparecido. Seu paradeiro só foi descoberto em 3 de fevereiro pela ex-companheira, dona Osorina  Ferreira de Souza, que, depois de peregrinar por diversos lugares, achou-o em coma,  entubado, na UTI do Hospital Municipal de São José dos Campos. Estava lá desde 22 de janeiro.
O hospital disse que o senhor Ivo teve acidente vascular hemorrágico (AVCH). Parlamentares e integrantes do Condepe questionam, pois o aposentado apanhou muito e foi visto, mal conseguindo andar, cheio de hematomas.
No dia 21 de março, portanto dois meses depois,  teve alta médica, e a filha Ivanilda Jesus dos Santos o levou para Ilhéus. No dia 8 de abril, deu entrada no Hospital Regional de Ilhéus em estado grave e faleceu.
Nesse período, Ivanilda foi procurada duas vezes lá por Wilker dos Santos Lopes e Luis Magda Nascimento, oficiais da PM de São Paulo.  Wilker  é capitão do batalhão da PM de São José dos Campos, preside o inquérito policial-militar que apura o caso e foi para Ilhéus acompanhar a exumação, prevista para esta quinta-feira.
“O capitão Wilker quis mudar o horário da exumação e pressionou a família para que só os parentes acompanhassem. Como não deu certo, aí, proibiu apresença de Renato Simões e de outros observadores à exumação”, denuncia o deputado estadual Adriano Diogo (PT-SP), que é presidente da Comissão da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de São Paulo. “Depois de muita discussão, com a ajuda da justiça local, foi autorizado que Renato assistisse à exumação a 10 metros de distância.”
Devido a esses problemas e ao adiantado da hora, a exumação acabou sendo transferida para amanhã às 8h30.
“É um absurdo capitão Wilker agir assim. Além de abuso de poder, é obstrução ao nosso trabalho de garantir a transparência à exumação”, vai mais fundo Adriano Diogo. “Se o capitão não receia nada, por que coibir a  presença do Renato ao ato? Quem não deve, não tem o que temer.”

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