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quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Ana


Ana2


Português/Español

Por Miguel Lisanti.


Ana, quando se olha na água que corre, sabe, como Heráclito, que não será a mesma Ana. Mas, seu nome sempre se vê igual, se lê como no espelho, do mesmo modo.

Ana sempre é a mesma, mas não… Ana é a mesma menina que morava em Cartago nos tempos do Império Romano, e é a mesma criança do Incêndio de Roma, na época daquele imperador maluco. Ana depois se escondeu nas muralhas de Tróia, quando as sete vezes derrubaram seus muros. E Ana esteve oculta em uma das destruições de Jerusalém pelos persas.

Ana esteve oculta no desembarque dos genocidas de Cortés, e depois nas explosões do Cerro Potosí, e salvou-se dos milhões de mortos pela prata.

Ana esteve nos túneis de Barcelona e em Guernica mas, oculta, e esteve em Hiroshima e em Bagdá.

Ana nunca morre, é a mesma criança que segue escrevendo o diário de meninas inocentes, esta noite dorme numa faixa, ali, no sótão de La Casa de Atrás. 

Ana escreve mas, agora o faz ao contrário, da direita para a esquerda, como ao contrário é a história, agora o Gueto é invertido. Esta noite , se termina a trégua, Ana escreve naquele sítio. Amanhã tocará a sirene novamente e verá como há milhares de anos vê, que crianças morrem… Ana escreve o que todos sabemos  que acontece, seu diário nunca termina, Ana Frank é assim, é testemunha, é correspondente de mortes….

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