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domingo, 1 de setembro de 2013

Capitalistas gostam mesmo do risco ou empreendedorismo é questão de Estado?





Professora de Economia da Universidade de Sussex, Reino Unido, Mariana Mazzucato está conquistando a crítica com uma visão provocadora sobre empreendedorismo, inovação tecnológica e científica: Os avanços dependem do Estado, mais do que de qualquer outro ator. E os capitalistas não amam os riscos como dizem, mas socializá-los e privatizar as recompensas.
 
Os argumentos – e os exemplos – estão no livro “The Entrepreneurial State: Debunking Public vs,. Private Sector Myths“, ou “O Estado Empreendedor, Desmascarando Mitos do Setor Público vs Privado”, da editora Anthem Press, ainda sem versão em português.
 
Não fora a Fundação Nacional da Ciência dos Estados Unidos, provavelmente o Google não existiria por falta de investimento para a pesquisa do algoritmo que viabiliza o serviço de busca.
 
O iPhone, iPad e todos os iP… tampouco bombariam o mercado sem o investimento inicial de 500 mil dólares que o Programa de Inovação e Pesquisa para Pequenas Empresas dos Estados Unidos fez na Apple.
 

Aliás, a própria Internet ou o GPS não existiriam sem dinheiro público.

Em entrevista para o blog da London School of Economics and Political Science, Mazzucato explica que há dois mitos a serem quebrados.

O primeiro é de um setor privado “dinâmico, criativo, colorido, empreendedor” que precisa se libertar das limitações do setor público. O segundo é descrever o Estado como “inerentemente burocrático, lento, cinza e, muitas vezes, intrometido demais”, em vez de vê-lo como necessário para corrigir “falhas do mercado”, investindo em bens públicos como infraestrutura e pesquisa.

Mazzucato destaca que, em todo o mundo, os países cresceram ou estão crescendo impulsionados pela inovação são aqueles que não se limitaram à tal correção das falhas, mas desenvolveram missões estratégicas e investiram diretamente em áreas específicas para mudar o panorama tecnológico e de mercado.

A professora propõe que repensemos o sistema de investimento/compensação. 


Quando empresas investem em dez itens de inovação e acertam só um, exemplifica, este paga os outros nove que deram errado. Mas os economistas acham que o retorno do Governo virá com impostos, empregos criados, quando na verdade não é exatamente isso que acontece, até porque muitas empresas ganham incentivos fiscais diversos.

É aí que mora a socialização dos riscos e a privatização das recompensas, chave para o aumento da desigualdade.
 


É preciso redirecionar incentivos e recompensas aos criadores de valor, não aos extratores, avalia. “O problema é que alguns dos extratores gostam de se vender como criadores”, sublinha.

Mazzucato também discute essas questões num projeto em vídeo chamado “Rethinking the State”, ou “Repensando o Estado”, onde diversos pesquisadores dão suas contribuições.

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