Condenado pelos ingleses por seus negócios obscuros com ditadores, o ex-premiê inglês, que mantém consultoria no ponto mais caro de Londres, receberá R$ 12 milhões para elaborar um plano estratégico para São Paulo. Precisava disso, governador?
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, anunciou ontem a
contratação de um consultor de luxo: ninguém menos que Tony Blair,
ex-primeiro-ministro da Inglaterra, que é condenado pelos próprios
britânicos por seus deslizes dentro e fora do poder.
Na história do seu governo, Blair será carimbado para sempre como o
primeiro-ministro que, ao lado de George W. Bush, apoiou a invasão do
Iraque enquanto os ingleses marchavam em Londres com cartazes com a
mensagem “no blood for oil” (nada de sangue por petróleo).
Fora do poder, se tornou dono de uma fortuna de mais de US$ 100
milhões, fazendo qualquer tipo de negócio – inclusive com ditadores,
como Muammar Kadafi, dirigente líbio assassinado, e Paul Kagame, de
Ruanda, acusado de violações aos direitos humanos.
Para formular um plano estratégico chamado “São Paulo 2030”, em
parceria com o Movimento Brasil Competitivo, a Tony Blair Associates
receberá R$ 12 milhões, por um ano de trabalho. É uma consultoria de
luxo, paga a um personagem que entende pouco ou quase nada de Brasil,
numa parceria que se torna ainda mais estranha num estado como São
Paulo, que tem a melhor universidade da América Latina: a USP.
Alckmin tentou justificar o convênio. “Nós já temos um conjunto de
estudos, projetos, e vários estudos de planejamento, mas estamos
firmando uma parceria muito importante na SP2030, com estudos de
planejamento para a eficiência”, afirmou. Blair, por sua vez, falou
sobre o que fará com os seus R$ 12 milhões. “A proposta é ajudar a
levantar os projetos que serão prioridade para São Paulo no futuro, e
nossa equipe vai trabalhar de forma conjunta para ajudar a implementar
esses programas”, disse.
Com sua consultoria na Grosvernor Square, um dos pontos mais nobres
de Londres, Blair incomoda os britânicos por sua gula financeira. Nunca
um político inglês se tornou tão rico quanto ele.
Seus vôos só ocorrem
em jatos particulares.
E não há nada que ele possa ensinar que São Paulo
não possa fazer sem sua ajuda (clique aqui e leia matéria do The Telegraph sobre a fortuna de Tony Blair).
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