Adital
Estado do Carajás, separado do Pará. Foto: Wikipedia
Lúcio Flávio Pinto
Jornalista paraense. Publica o Jornal Pessoal (JP)
Carajás pode vir a ser o grande tema da eleição de 2014. Os
grupos políticos com aspiração ao poder já montam suas bases no sul do Estado
para uma disputa que promete ser intensa. Pode ser simplesmente para definir ou
consolidar uma forte base política local. Mas pode ser também um passo alentado
para a retomada do projeto da criação do Estado de Carajás.
Há movimentos visíveis e barulhentos, como os antagonismos em
torno da nova diretoria da Associação dos Municípios do Tocantins-Araguaia. O
governador Simão Jatene deslocou seus emissários para pressionar pela eleição
de Sancler Ferreira, de Tucuruí, que acabou vencendo João Salame, de Marabá.
A grande diferença de votos indicaria a força de Jatene no sul
do Pará. Mas pode não ser exatamente assim. Salame era do esquema de apoio aos
tucanos até se desentender com o líder maior do PPS, o deputado federal Arnaldo
Jordy, que aderiu por inteiro ao esquema de poder do PSDB.
A divergência, que podia ser considerada apenas paroquial, foi
ganhando substância à medida que Salame foi se tornando porta-voz de uma nova
investida pela redivisão territorial do Pará. Como não está mais garantida
pacificamente a manutenção da liderança de Marabá sobre as demais regiões,
Salame precisa demonstrar sua disposição através de atos concretos.
Ele acusou o governador de ter recorrido a meios nada éticos
para conquistar adesões entre os prefeitos da Amat, a mais antiga das
associações de municípios, prometendo ou realizando obras de nítido objetivo
eleitoreiro. A reação corresponde a um autêntico rompimento. Como o governo já
mostrou que vai usar todas as suas armas para se impor politicamente na região,
o prefeito de Marabá não tem alternativa senão procurar um aliado forte.
Esse aliado parece ser Jader Barbalho, que está concentrando sua
atuação na região de Carajás. Além de visitas constantes aos municípios que
integram o território do pretendido novo Estado, o líder do PMDB está criando
uma estrutura de suporte para aviventar sua presença numa área que o tem
hostilizado, mas na qual está longe de se ter incompatibilizado.
Sua nora, casada com Jader Filho, tem uma universidade baseada
em Marabá que está se ampliando. É uma boa fonte de prestígio e influência.
Mais do que ela, é o jornal Correio do
Tocantins, o mais antigo e de maior penetração na região.
A propriedade do jornal saiu das mãos do seu fundador,
Mascarenhas, e da empresa que ele criou, a Marabá. Mascarenhas já só aparece no
expediente como fundador. A direção efetiva é de e a empresa responsável passou
a ser a Carajás Rede de Comunicação, que tem como presidente João Chamon Neto e
como diretor de redação Patrick Roberto.
Por enquanto, o tema da redivisão está latente.Mas logo se
apresentará e terá nova força. Apostará na incapacidade de Belém continuar a
ser a capital de todo o vasto Pará.
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