O presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), Ivan Sartori,
decidiu assumir a figura de tocador de obras e iniciou processos
licitatórios para construção de um conjunto de prédios para o Judiciário
paulista no valor de R$ 1,5 bilhão.
O pacote inclui 36 novos fóruns em 25 municípios e um megaedifício
jurídico na capital para abrigar 600 gabinetes de desembargadores e
juízes da segunda instância.
O megaprédio da capital é o que mais chama a atenção. Em forma de "H",
prevê três grandes torres de 24 andares, auditório com 738 lugares,
heliponto e uma enorme cascata na parte frontal.
Orçado em R$ 500 milhões, terá 145 mil metros quadrados de área
construída. Cada gabinete terá 66 metros quadrados. No TJ, o conjunto já
é tratado como um dos maiores edifícios judiciários do mundo. O projeto
é do escritório Botti Rubin Arquitetos.
Esse edifício será erguido entre as ruas Conde de Sarzedas e
Tabatingüera, no centro, bem próximo ao tradicional Palácio da Justiça,
prédio neoclássico que atualmente abriga a presidência do órgão.
As obras para sua construção só não começaram porque o projeto foi
questionado na Justiça. Uma das empresas que queria fazer o projeto
executivo entrou na Justiça reclamando que a vencedora da concorrência
era a mesma que já havia feito o projeto básico da obra.
A disputa subiu até o Superior Tribunal de Justiça, que no final do ano
passado julgou o caso e não viu ilegalidade na concorrência.
FÓRUNS
Já o pacote de 36 novos fóruns está estimado em R$ 1 bilhão. A intenção é colocar de pé 12 instalações forenses na capital e outras 24 no interior em cinco anos.
Já o pacote de 36 novos fóruns está estimado em R$ 1 bilhão. A intenção é colocar de pé 12 instalações forenses na capital e outras 24 no interior em cinco anos.
Ao falar do plano dos novos fóruns numa sessão recente do Órgão Especial
do tribunal, Ivan Sartori deu uma dimensão do gigantismo do pacote:
"Será a primeira obra do Brasil após aquelas grandes usinas e o
Rodoanel".
Promover obras desse porte por conta própria é uma novidade no meio
jurídico. Tradicionalmente, a construção de instalações judiciais no
Estado é conduzida pelo Poder Executivo, principalmente a secretaria da
Justiça.
Para essas obras, o Judiciário não deve recorrer ao Executivo. As
construções serão bancadas pelo aumento recente expressivo da
arrecadação do chamado Fundo Especial de Despesa do TJ.
COMISSÃO
A principal fonte de abastecimento desse fundo é um contrato que a corte assinou com o Banco do Brasil.
Pelo acordo, o TJ-SP recebe uma comissão da instituição financeira em
troca da manutenção no BB das contas judicias que recebem valores
depositados pelas partes nos milhares de processos que correm no
tribunal
Segundo Ivan Sartori, esses depósitos judiciais no Banco do Brasil somam
hoje R$ 35 bilhões. Só em 2012, esse contrato rendeu R$ 988 milhões ao
TJ-SP.
Além da contrapartida do BB, o fundo também recebe dinheiro oriundo das
taxas judiciais pagas pelas partes nas causas em curso. No ano passado,
foram R$ 230 milhões. Outras fontes rendem valores menores.
Apesar do montante próprio para o inédito pacote de obras, a situação
financeira do TJ-SP não pode ser considerada confortável. Faltam
recursos para pagar salários.
Isso ocorre porque, segundo a legislação, as verbas do fundo só podem
ser aplicadas em medidas e equipamentos para modernizar a estrutura do
Judiciário.
Para arcar com a folha salarial, a direção do TJ-SP ainda precisa pedir socorro ao governo estadual.
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