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quarta-feira, 15 de maio de 2013

Desumanização no capitalismo



Por Ari de Oliveira Zenha
A desumanização aparece no modo de produção capitalista como uma deformidade intrínseca do capital, que acomete a sociedade civil em toda a sua dimensão real da vida do homem. Karl Marx coloca da seguinte forma o sofrimento do indivíduo na vida concreta: “sua atividade se lhe apresenta como um momento, sua própria criação como poder estranho, sua riqueza, o vínculo essencial que o une aos outros homens se lhe apresenta inessencial, e melhor, a separação com respeito aos outros homens como sua existência verdadeira; sua vida se apresenta como sacrifício de sua vida, a realização de sua essência como desrealização de sua vida, sua produção como produção de seu nada, seu poder sobre o objeto como poder sobre ele; ele, amo e senhor de sua criação, aparece como escravo desta criação”.

"Desumanizar é reificar as relações sociais, é tornar o ser humano (trabalhador) escravo das atividades econômicas, políticas e sociais"

Escravidão
Desumanizar é reificar as relações sociais, é tornar o ser humano (trabalhador) escravo das atividades econômicas, políticas e sociais, enquanto movimento de mediação e de atributo do homem, através da vitalidade do produto dos homens uns com os outros, tanto no seu aspecto individual como social.
Ao estabelecer uma situação de mediação, Marx configura no dinheiro tanto como mediador como um deus, em que a atividade do homem, através do produto do seu trabalho toma uma forma invertida, pois esta atividade aparece como coisa externa, separada, obscurecida, uma metamorfose do produto do trabalho humano configurado por meio do dinheiro.
Propriedade Privada
Essas relações invertidas e confusas das associações dinâmicas do homem na sociedade de classe estão subordinadas numa base de fusão com a propriedade privada. Sob esta união privada, segundo o raciocínio de Marx, avança até a instituição do dinheiro, e acrescenta: “como ser social o homem tem de avançar até o intercâmbio e o intercâmbio – sob as condições de propriedade privada – tem de avançar até o valor”.
Mais desse autor:
Ivan Cotrim diz: “O caráter contraditório do dinheiro como produto e não-produto do homem, e como momento de sua desumanização devido a seu papel de mediador”, e ainda acrescenta: “A mediação, ao contrário de criar nexos entre os homens, separa, aliena e estranha-os entre si. Ele (Marx) já havia indicado a determinação histórica do valor ao mostrar que, sob o ordenamento da propriedade privada, da divisão do trabalho, o ser social chega até o intercâmbio (troca) e, necessariamente, até o valor, que se consubstancia naturalmente como dinheiro. De maneira que o valor como dinheiro, nessa função de mediador, é a essência alienada da propriedade privada, e ao mesmo tempo forma resolutiva da divisão do trabalho; e embora tenha sido produto de ambas, converte-se, com seu desenvolvimento histórico, na referência determinativa dessas mesmas relações sociais”.
Demanda e Oferta
Na sociedade capitalista, a troca se apresenta no mercado onde demanda e oferta se constituem na efetivação da sociedade capitalista, e, nesse ponto, Karl Polanyi usa

"O mercado capitalista é um moinho satânico, ou seja, é a alienação da vida, a concepção estranhada do homem presente, alimentando-a e reproduzindo-a incessantemente"

uma expressão extremamente feliz, qual seja: o mercado capitalista é um moinho satânico, ou seja, é a alienação da vida, a concepção estranhada do homem presente, alimentando-a e reproduzindo-a incessantemente.
A efetivação da vida no modo de produção capitalista se dá através da propriedade privada, é uma alienação da vida, pois a evidência das relações de trabalho transparece no estranhamento que resulta dessas relações de trabalho, sob a propriedade privada; e Cotrim sintetiza: “pois se aquilo com que o homem se relaciona não tem existência para si, evidentemente lhe é estranho, não faz parte da sua essência, da sua vida, está alienado dele”.
Enfim, citando Marx: “pois eu trabalho para viver para conseguir um meio de vida. Meu trabalho não é vida, o assalariado apenas vive da mão para a boca”.

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