Postagens pedem que o presidente do STF, Joaquim Barbosa, assuma a Presidência da República |
Sem meias palavras, movimento que
dominou manifestações de rua nos últimos dias começa a pedir o
afastamento da presidenta Dilma Rousseff e a clamar por Joaquim Barbosa,
o 'salvador da pátria'
Convocação do exército para intervir na política remonta aos tempos do golpe de 1964 |
Convocação de greve geral, organizada por defensor do porte de armas, clama por pautas genéricas |
Para compartilhar nas redes |
Referência à campanha americana na Segunda Guerra Mundial, folheto escancara ideal autoritário |
Bandeiras arrancadas, rasgadas e queimadas |
São Paulo – Com a apropriação da onda de manifestações em várias cidades
brasileiras por pautas conservadoras, as redes sociais ligadas a esses
grupos já começam a traçar uma espécie de "roteiro do golpe". De um
lado, defendem o afastamento da presidenta Dilma Rousseff, de "todos os
políticos" e de "todos os partidos". De outro, clamam para que o
presidente do STF, Joaquim Barbosa, assuma o comando do país para que as
forças armadas ajam “em defesa da população que se manifesta nas ruas”.
Embora sejam difusamente compartilhadas, as campanhas atingem um número
relevante de pessoas. Uma delas, com a foto de Barbosa pedindo que
assuma a presidência do país, já passa de 270 mil compartilhamentos.
Outra, no site Avaaz.org, pede o impeachment de Dilma e tem 315 mil
assinaturas. Junto a elas, comentários pedindo o fim dos partidos, ação
das forças armadas, separação de São Paulo do restante do país etc.
Em outra ação, os grupos de direita criaram um evento no Facebook
convocando greve geral para 1º de julho. Na pauta de reivindicações
estão o “fim da roubalheira", a "auditoria no caixa do governo" e a
"punição para os corruptos”, entre outros nove temas. O ato contava 390
mil confirmações até as 13h de hoje.
Um vídeo da organização Anonymous, publicado na terça (18), chegou à
marca de 1,4 milhão de compartilhamentos. O filme divulga “as cinco
causas diretas, sem cunho religioso ou ideológico, sem bandeiras
partidárias ou subjetividades”. As ideias propostas como de “cunho
moral” e “unanimemente aceitas” são: Não à PEC 37; saída de Renan
Calheiros da presidência do Congresso Nacional — ele é presidente do
Senado — investigação e punição das irregularidades na organização da
Copa do Mundo; lei que torne a corrupção crime hediondo; e fim do foro
privilegiado.
Na noite de ontem (20), o site do jornal Brasil de Fato
denunciava a realização de uma pesquisa pelo Instituto Datafolha, que
perguntava às pessoas qual afirmação ela se identificava mais: "a
democracia é sempre melhor que qualquer forma de governo"; "em certas
circunstâncias, é melhor uma ditadura do que um regime democrático"; ou
"tanto faz se o governo é uma democracia ou uma ditadura".
Todas essas iniciativas incendeiam ainda mais o cenário de temeridade
formado pela tomada do movimento que ganhou as ruas nos últimos dias
pelas pautas identificadas com a direita política. O Movimento Passe
Livre declarou na manhã de hoje que não convocará mais protestos, pois
alcançou a vitória almejada, e criticou a violência contra organizações
políticas ocorridas na manifestação de ontem (20) na avenida Paulista.
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