Publicado no JORNAL DO COMERCIO - RS, 14/06/2013
Geraldo Azevedo e Rogério Dornelles
Médicos do trabalho e assessores de saúde do Sintrajufe/RS
Geraldo Azevedo e Rogério Dornelles
Uma
parcela importante dos servidores da Justiça Federal do Rio Grande do
Sul, desde o ano de 2004, e outra, mais recentemente, usam o
procedimento eletrônico como o ritual padrão nas lides judiciais.
Em
pesquisa do Sintrajufe/RS, constatamos que essa nova forma de organizar o
trabalho tem agravado os indicadores de saúde no que se refere aos
sistemas osteomuscular, visual e psíquico dos servidores. No tocante à
saúde mental, utilizamos o SRQ-20 (Self Report Questionare), inventário
recomendado pela OMS para rastreamento de transtornos mentais não
psicóticos, destinado à detecção de sintomas, e que, por isso, sugere a
suspeição de sofrimento mental sem, no entanto, fazer diagnósticos.
A média geral da pesquisa baseada no SRQ-20 foi de 31,8% de testes positivos. Na Justiça Federal o índice foi de 35,8% e, isolando os servidores que trabalham exclusivamente com processo eletrônico, o índice sobe para 38,1%.
A média geral da pesquisa baseada no SRQ-20 foi de 31,8% de testes positivos. Na Justiça Federal o índice foi de 35,8% e, isolando os servidores que trabalham exclusivamente com processo eletrônico, o índice sobe para 38,1%.
Ao questionarmos sobre o uso de medicações
psicoativas, observamos o mesmo fenômeno. Os servidores da Justiça
Federal consomem mais antidepressivos (17,1%), ansiolíticos (12%),
remédios para dormir (12%). A partir destes dados, podemos inferir que
as doenças psíquicas devam estar entre as principais, senão a principal
causa de afastamento do trabalho dos servidores da Justiça Federal do
Rio Grande do Sul.
Nossas investigações sugerem algumas hipóteses para explicar esse fenômeno, entre as quais o aumento da quantidade de trabalho, sem correspondente aumento do número de servidores, o estabelecimento de metas inalcançáveis, a presença de dor osteomuscular e alterações visuais. E, completando esse quadro de possíveis agressores à saúde mental, vivemos em uma cultura que premia apenas a excelência e a perfeição, por mais inatingíveis que sejam, contagiando os ambientes de trabalho com extremada competitividade e discriminando os que não atingem os objetivos.
Nossas investigações sugerem algumas hipóteses para explicar esse fenômeno, entre as quais o aumento da quantidade de trabalho, sem correspondente aumento do número de servidores, o estabelecimento de metas inalcançáveis, a presença de dor osteomuscular e alterações visuais. E, completando esse quadro de possíveis agressores à saúde mental, vivemos em uma cultura que premia apenas a excelência e a perfeição, por mais inatingíveis que sejam, contagiando os ambientes de trabalho com extremada competitividade e discriminando os que não atingem os objetivos.
A soma desses elementos
está produzindo doenças e sofrimento, o que faz de todos nós perdedores,
mesmo aqueles que ao atingirem os padrões estabelecidos chegam sem
saúde ao final do processo.
Médicos do trabalho e assessores de saúde do Sintrajufe/RS
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