Trinta anos após
deixar a literatura, Raduan Nassar doa sua fazenda a uma universidade
pública, abandona a agricultura e se recolhe em silêncio no Retiro
Feliz
por RAFAEL CARIELLO, em Revista Piauí
Raduan Nassar
abandonou a agricultura comercial há pouco menos de um ano, no dia 3
de agosto de 2011.
Até essa data, o
autor de Lavoura Arcaica havia se dedicado profissionalmente à
irrigação do arroz, à engorda de reses, ao plantio e à colheita
de grãos por quase três décadas, desde que deixara claro, no
início dos anos 80, que tinha interrompido sua carreira literária.
Raduan surpreendeu
seus leitores numa entrevista em 1984 à Folha de S.Paulo. Sem dar
muita explicação, disse que pouco tinha “a ver ainda com a
literatura”. “Estou dando agora uma virada radical na minha
vida”, resumiu. “Minha cabeça hoje fervilha com outras coisas,
ando às voltas com agricultura e pecuária, procurando me enfronhar
sobre tratores, implementos, formação de pastos, tipos de capim,
braquiária, pangola, setária, humidícola”, enumerou o então
novo produtor rural, visivelmente disposto a não abrir mão do rigor
e da precisão vocabular que sempre cultivou.
A obra completa de
Raduan Nassar até aquele momento, os romances Lavoura Arcaica e Um
Copo de Cólera, publicados em 1975 e 1978, ocupava pouco mais de 280
páginas impressas – suficientes, contudo, para lançar seu autor a
um patamar que muito poucos alcançaram na literatura brasileira da
segunda metade do século XX.
Quando anunciou o fim
de sua carreira literária, Raduan já possuía um pequeno sítio no
sul do estado de São Paulo. No ano seguinte, compraria a Fazenda
Lagoa do Sino, localizada no município de Buri, a cerca de 250
quilômetros da capital paulista. Com quase 640 hectares – unidade
de medida que equivale à dimensão aproximada de um campo de futebol
–, é uma propriedade de tamanho médio para São Paulo. Existem no
estado cerca de 4 mil fazendas desse tipo, medindo entre 500 e mil
hectares. Acima delas, pouco mais de 2 mil unidades rurais realmente
grandes medem entre mil e 5 mil hectares, cada uma. No topo da
pirâmide fundiária, quase 100 fazendas paulistas possuem mais de 5
mil hectares.
A atitude do escritor
que, no ápice do sucesso, resolve abandonar seu ofício para se
dedicar à agricultura já seria inusitada nos dias de hoje, quando o
agronegócio voltou a ganhar proeminência. Nos anos 80, quando o
ambiente em que Raduan circulava recebia vagas notícias pela tevê
de um mundo rural pouco produtivo e arcaico, sua escolha causou
perplexidade.
Em meados dos anos
90, em sua coluna na Folha, o jornalista Otavio Frias Filho constatou
que a pergunta “Por que Raduan Nassar parou de escrever?” nunca
deixou de representar um enigma. “No auge de uma carreira
recém-começada, as traduções de vento em popa, quando seus
leitores antecipam proezas ainda maiores que estavam por vir, de
repente o escritor paulista anunciou que passava a arar outras
terras, trocava a literatura pela agricultura, o que foi festejado
como mais uma metáfora do mestre”, escreveu Frias Filho. “Mas
não, a decisão era literal, quer dizer, agrícola.”
O cuidado minucioso
dedicado desde então à Lagoa do Sino, a obra literal de Raduan, não
passa despercebido para o visitante que cruza, ainda hoje, a
porteira principal da propriedade e toma o caminho de terra que leva
à sede. No ter--reno de topografia aplainada, com horizonte largo ao
fundo, logo se vê à esquerda de quem entra um jardim de pequenas
flores amarelas e azuis; do lado direito fica o corpo-d’água que
dá nome à fazenda. A seguir, fazendo sombra à estrada, erguem-se
eucaliptos e araucárias imponentes, num gramado amplo e bem aparado.
Casebres de colonos se espalham pela propriedade, dando a impressão
de terem sido recém-pintados de branco.
Embora a Lagoa do
Sino se encontre dentro dos limites de Buri, apenas uma ponte a
separa da pequena Campina do Monte Alegre, onde vivem cerca de 6 mil
pessoas. A maior parte delas trabalha na agricultura. Nas épocas de
colheita da batata, do feijão ou da la-ranja – atividades
intensivas em mão de obra –, uma dezena de ônibus com faixas
amarelas nas laterais e a inscrição “RURAIS” pintada por cima
circula desde cedo em Campina do Monte Alegre. Estão ali para
embarcar os boias-frias, depois das cinco da manhã.
Foi nessa região
relativamente pobre do estado que Raduan se enfurnou e se dedicou com
afinco a uma atividade de fins comerciais a partir de 1985. Criou
gado e plantou arroz. Investiu em maquinário e na irrigação do
solo. Nos primeiros anos, a propriedade lhe rendeu frequentes
prejuízos. O cultivo da soja e do milho fez a fazenda finalmente
deslanchar na década passada, quando passou a dar bons lucros.
Foi só então que o
escritor tomou nova decisão, em tudo semelhante à que provocara
perplexidade décadas antes: estava na hora de parar.
Poderia ter arrendado
ou vendido as terras, o que lhe garantiria uma renda mensal mais do
que confortável. Não tem filhos, mas nada o impedia de deixá-la
para os irmãos e seus respectivos herdeiros. Raduan, no entanto, deu
outro destino a seus quase trinta anos de trabalho.
Numa tarde azul e
fria, em agosto de 2011, o escritor recebeu na casa térrea que serve
de sede para a propriedade uma comitiva da Universidade Federal de
São Carlos. Concluiu, numa breve reunião, a última etapa do
processo de doação do imóvel, das benfeitorias ali realizadas e de
quase todo o seu maquinário. A instituição de ensino superior se
comprometia, segundo os termos do documento assinado pelo doador e
pelo reitor Targino de Araújo Filho, a instalar na fazenda umcampus
universitário.
A USCar já começou
a reformar a Lagoa do Sino. Pretende iniciar as atividades
pedagógicas do novo campus em 2013 – a princípio, com um curso de
agronomia. Mas estuda-se a abertura de outras áreas de graduação,
como engenharia florestal, economia, ciências sociais e pedagogia.
Como parte do acordo, a fazenda continuará a produzir.
Na escritura de
doação, a Lagoa do Sino tem seu valor estimado em 11 milhões de
reais. Alguns anos antes da transferência, um fazendeiro chegou a
oferecer 18 milhões pela propriedade. Se somarmos o maquinário
também transferido ao governo federal, a oferta de “porteira
fechada” de Raduan vale um montante superior a 20 milhões de
reais.
Mas a doação da
fazenda à universidade é apenas uma parte – a etapa final – da
nova “virada radical” do escritor. A primeira providência foi
tomada ainda em 2004, quando Raduan loteou um vasto terreno que
possuía em Campina do Monte Alegre. A área de propriedade do
escritor foi repartida em 321 lotes de 300 metros quadrados cada.
Quase metade dos terrenos foi doada, em 2007, a uma associação
particular, encarregada de vendê-los, a preços subsidiados, aos
trabalhadores da região. Outra parte dos lotes originais, dezenas
deles, foi oferecida gratuitamente por Raduan a funcionários e
ex-funcionários da Lagoa do Sino.
Eliseu Crispim
Rodrigues tem 35 anos e se mudou para a região ainda criança,
quando seu pai, Antônio, foi contratado por Raduan para fazer
“serviços gerais”. Recebeu um dos lotes doados pelo escritor,
onde construiu sua casa. Mora lá, embora ainda falte “o
acabamento, por fora”. Na adolescência, Eliseu ajudou a cuidar do
gado, na fazenda. Nos últimos anos, ficou responsável por dirigir a
máquina colheitadeira. Diz que Raduan não aceitava funcionário
“sem registro” e pagava melhor que os fazendeiros da região.
“É uma pessoa
muito boa”, contou Eliseu no início de abril, enquanto tirava o
chapéu de palha e enxugava o suor do rosto. No final da manhã, a
calça jeans e a camisa de mangas curtas já tinham algumas manchas
de cimento. “Seu Raduan se dava muito bem com criança”, disse,
interrompendo a construção de um muro numa casa próxima aos silos
de estocagem. “Tenho três filhos. De vez em quando ele botava as
crianças todas na Saveiro dele e passeava dentro da fazenda.
Perguntava coisas para elas. E conversava, conversava. Com a gente
mesmo, com os funcionários, conversava só o necessário.”
Eliseu vê seu futuro
com certo fatalismo. Diz que vai continuar “nessa lenga-lenga de
lavoura” até que os novos donos da fazenda resolvam lhe dar “uma
bica na bunda”. Raduan não chegou a explicar aos funcionários o
motivo da doação. “Da boca dele mesmo, não falou. No dia de
acertar as contas, no último dia, ele chegou a chorar. Ficou sem
palavra.”
Poucos passos além
do local onde Eliseu trabalhava, numa sala invadida pela luz do sol,
o administrador da fazenda, Newton Santos Correa, procurava um número
no celular com a ajuda dos óculos de leitura dependurados na ponta
do nariz. Aos 53 anos, Newton tem sido o braço direito de Raduan
Nassar em suas atividades agrícolas desde o início, no prejuízo e
na abundância.
“A plantação de
aveia é a coisa mais linda”, comentou, interrompendo assim uma
discussão com funcionários da Federal de São Carlos sobre o preço
da semente do cereal. Corpulento, o administrador tem a pele clara do
rosto avermelhada pelo sol. Os cabelos grisalhos também adquiriram
uma coloração extra, de tom esverdeado. Ele é simpático e gentil,
embora desconfiado. Observações estéticas – sobre a beleza de um
caramanchão, de um conjunto de bois no pasto ou sobre as cores da
aveia e do trigo – são comuns em sua boca, o que não denota falta
de entusiasmo pelos aspectos mais práticos da vida rural.
Nos últimos meses o
administrador tem ocupado uma sala desprovida de adornos, próxima à
entrada da propriedade. Um pequeno calendário era o único objeto
que pendia da parede do escritório. Sentado numa cadeira de
plástico, diante de uma mesa simples de madeira, Newton relembrou o
início difícil da Lagoa do Sino.
Quando Raduan
adquiriu a propriedade e o convidou a administrá-la, “estava tudo
caindo”, ele disse. “A fazenda estava malcuidada mesmo.” Pior:
nem ele nem o futuro patrão tinham experiência em agricultura
comercial de larga escala. Haviam se conhecido durante a negociação
para a compra de uma outra propriedade, bem menor, onde o
administrador trabalhava. Raduan confiou em sua honestidade e
capacidade. Fez ofertas cada vez mais altas de salário, mas Newton
resistia.
“Seu Raduan, como é
que eu vou sair de 20 alqueires para cuidar de 220?”, argumentou.
“Se acertarmos, nós vamos acertar juntos. Se errarmos, vamos errar
juntos”, prometeu o escritor.
Na conversa daquela
manhã de abril, descreveu o ex-patrão de maneira carinhosa como um
sujeito turrão. Em mais de uma ocasião, brigaram – numa delas,
Newton ameaçou ir embora. Raduan, ele diz, sempre foi muito
exigente, inclusive ao contratar serviços para a fazenda. Discutia
com frequência com os pedreiros. “Tudo tinha que ser certinho; ele
reclamava que as paredes não estavam alinhadas”, contou, sorrindo.
Na recente rodada de
doações, Newton recebeu do ex-patrão não um lote, mas uma pequena
fazenda de 112 hectares.
Raduan Nassar também
fez uma doação indireta ao restante da população
campino-monte-alegrense. Comprou o único clube da cidade, que estava
abandonado havia alguns anos, e o destinou à mesma associação
responsável pela venda dos lotes. Feitas as reformas necessárias,
os moradores da região poderão ter acesso, ao custo de 8 reais por
dia, a três piscinas, quatro quadras poliesportivas e um campo de
futebol-soçaite.
O escritor recebeu da
Associação Capaúva, donatária dos lotes e do clube, a promessa de
construir na cidade a “Sala de Estudos do Trabalhador Rural” –
uma espécie de centro comunitário, com biblioteca, computadores
ligados à internet e auditório para a realização de cursos de
capacitação profissional. A entidade, cujos integrantes têm
experiência em trabalhos com assentados da reforma agrária, é
presidida por Hamilton de Souza Silva, ex-candidato a verea-dor pelo
PT no município de Castilho, no extremo oeste de São Paulo.
Miltinho, como é
conhecido, diz ter “um bom vínculo de amizade” com o MST. É
magro, usa óculos e fala de maneira pausada, com a voz aguda. Faz
lembrar um seminarista. Seu grupo foi indicado ao escritor pelo
religioso dominicano Carlos Alberto Libânio Christo, o Frei Betto.
Amigo de Raduan, o ex-assessor especial do presidente Lula presta
assessoria a movimentos sociais.
Ao transferir
propriedades à Associação Capaúva, a Eliseu, a Newton, a dezenas
de outros trabalhadores rurais e ao poder público, o escritor acabou
abrindo mão da maior parte da riqueza de que dispunha – bem como
da renda obtida das gordas safras da Lagoa do Sino. “Ele não doou
apenas o que estava sobrando”, afirma seu contador, Messias
Barboza, um católico praticante. Antes de concluir a transferência
da fazenda para a Federal de São Carlos, Raduan avisou: não queria
dar publicidade a seu gesto. Se a imprensa estivesse presente, não
assinaria a escritura.
Enquanto ainda se
dedicava à literatura, Raduan falava pouco a jornalistas, e concedeu
raras entrevistas desde que decidiu parar de escrever. Tem aversão a
qualquer gesto que denote vaidade ou ostentação. O amigo Antonio
Fernando de Franceschi, diretor editorial dos Cadernos de Literatura
Brasileira,[1] conta que por alguns anos o escritor se recusou a usar
a imponente sede da Lagoa do Sino, com seus 500 metros quadrados de
área construída, como re-sidência. Em suas temporadas na fazenda,
preferia se hospedar numa construção bem menor, de dois quartos,
situada a poucos metros da casa-grande.
A “relação
complicada” de Raduan com o narcisismo, como a descreve Franceschi,
ajuda a explicar seu silêncio, que terminou por alimentar a fama de
personalidade enigmática. Falar, aliás, não é uma garantia de
esclarecimento, e o escritor parece não ter por hábito se
justificar sobre suas decisões. Em 1996, instado a dizer o que o
havia levado a se dedicar inteiramente à escrita numa determinada
época de sua vida para depois parar, afirmou: “Foi a paixão pela
literatura. Como começa essa paixão e por que acaba, não sei.”
Já a origem da
paixão pela agricultura pode ser localizada. É uma herança
familiar. O pai do escritor, João Nassar, um cristão ortodoxo,
trabalhou como lavrador no Líbano sob domínio do Império Otomano,
antes de migrar para o Brasil com a mulher, em 1920. Chafika Nassar
era, segundo o filho, uma criadora de mão cheia de galinhas e perus,
e foi dela que veio seu gosto pela criação de animais.
Raduan nasceu no dia
27 de novembro de 1935, em Pindorama, no interior de São Paulo. Era
o sétimo de dez filhos. Teve “uma das melhores alegrias da
infância”, como a descreveria mais tarde, ao ganhar do pai, em
1943, um casal de galinhas-d’angola. No ano seguinte, teve início
uma fase de fervor religioso. Ia à missa todos os dias para comungar
e, em 1946, tornou-se coroinha.
Em 1953, a família
se mudou para São Paulo. O pai abriu um pequeno armarinho no bairro
de Pinheiros, o Bazar 13, que se tornaria uma das principais casas
comerciais da cidade. Em 1955, Raduan decidiu ingressar
simultaneamente na tradicional Faculdade de Direito do Largo de São
Francisco e no curso de letras clássicas da USP. Antes do final do
ano, abandonou a segunda graduação. Mas logo encontraria uma nova
área de estudo para dividir suas atenções – filosofia na USP,
que passou a cursar em 1957.
É dessa época a
formação de seu mais próximo grupo de amigos do Largo de São
Francisco, todos com aspirações literárias. Modesto Carone, que se
tornaria o principal tradutor de Franz Kafka no Brasil, foi
apresentado a Raduan por Hamilton Trevisan,outro aluno das Arcadas.
José Carlos Abbate, que se tornaria jornalista, completava o
quarteto.
A primeira grande
fuga de Raduan – frustrada, é bem verdade – data também desse
período. Numa crônica publicada em 1996 nos Cadernos de Literatura
Brasileira dedicados a Raduan, Carone recorda “uma noite de
largueza” em que o grupo de amigos bebia, como de hábito, num dos
bares do centro de São Paulo. O tema recorrente das conversas,
lembra o tradutor, era a relação entre a experiência e a
literatura: “Quanto maior uma, melhor a outra.”
Seguindo uma lógica
incontestável, alguém teve a ideia: deviam embarcar num navio para
qualquer parte, par-tindo do porto de Santos, e só voltar “com a
obra pronta”. “Acreditávamos plenamente que ia dar certo”,
disse.
“Quase quarenta
anos depois”, escreveu o tradutor de Kafka, “é difícil dizer
quem parou o táxi junto à calçada. Hamilton, Raduan e eu entramos
e Abbate ficou para informar as famílias sobre nossa partida.
Mandamos o chofer rumar para o porto de Santos.”
Como não tinham
dinheiro sobrando nem passaportes, só lhes restava a esperança de
embarcar clandestinamente. Mas, no porto, uma “implacável grade de
ferro” os separava do cais. Avistaram ao longe um portão aberto e
bem iluminado. Sentado num banco alto, um empregado portuário que
figuraria melhor num conto do escritor tcheco guardava a passagem,
enquanto tocava uma improvável clarineta. “O funcionário ouviu as
alegações com paciência, soprou no instrumento umas notas da
Cavalgada das Valquírias e disse que era impossível”, escreveu
Carone.
“Acho que ali
acabou a nossa adolescência”, concluiu o tradutor, durante uma
entrevista recente por telefone.
Isso não impediria
Raduan Nassar de tentar novas fugas. No que seria seu último ano na
faculdade de direito, em 1959, abandonou o curso do Largo de São
Francisco. Carone afirma que, à época, o amigo não deu maiores
explicações sobre sua decisão – “Apenas parou de ir.”
Concluiria o curso de
filosofia bem mais tarde, em 1963, depois de se desligar dos negócios
da família – que via prosperar o Bazar 13 – e passar uma
temporada no Canadá e nos Estados Unidos. Recusou, nessa mesma
época, uma oferta para ser professor no departamento de pedagogia da
USP. Em 1965, começou a se dedicar à criação de coelhos. No ano
seguinte, passou a presidir a associação brasileira dos criadores
do animal, mas essa atividade também foi interrompida em 1967.
Numa entrevista para
a revista Veja, no final dos anos 90, Raduan aludiu à trajetória
incomum que o transformava em objeto de permanente curiosidade.
“Abandonei o curso científico e pulei para o clássico, abandonei
um curso de letras na universidade, o curso de direito no último
ano, a empresa familiar assim que meu pai faleceu. Abandonei ainda
uma criação de coelhos, o jornalismo e outras coisas mais. Tudo
somado, só levei a pecha de inconstante. Por que só quando
abandonei a literatura eu teria me transformado em personagem
fascinante?”
O início da
atividade jornalística a que o escritor se refere coincide com o fim
da criação de coelhos. Em 1967, Raduan fundou com os irmãos o
Jornal do Bairro, publicação paulistana que, apesar do nome
modesto, abria espaço para temas de política nacional e
internacional.
Segundo o escritor, o
jornal “fazia oposição ao regime da época e identificava-se com
as reivindicações do então chamado Terceiro Mundo”. Em abril de
1974, deixou a direção do semanário, que já alcançava a
expressiva tiragem de 160 mil exemplares por edição. Nos seis meses
seguintes, se dedicaria exclusivamente a escrever seu primeiro
romance, trabalhando às vezes mais de dez horas por dia.
Lavoura Arcaica é a
história de uma fuga – e de suas consequências. O jovem André,
protagonista e narrador do romance, encontra-se no quarto de uma
velha pensão interiorana no capítulo inicial da obra.Deixou para
trás a casa da família, uma propriedade rural em que numerosos
irmãos e irmãs, o pai severo e a mãe acolhedora vivem em relativo
isolamento do mundo.
O irmão mais velho,
Pedro, é encarregado de cumprir a “sublime missão de devolver o
filho tresmalhado ao seio da família”, e vai ao encontro de André.
O caçula é repreendido, a princípio de forma amorosa. “Meu irmão
prosseguia na sua prece, sugerindo a cada passo, e discretamente, a
minha imaturidade na vida.” Segue-se um discurso de apresentação
da vida familiar e a exposição de motivos do jovem narrador, que
ocupa a maior parte da obra. O adolescente desgarrado contrapõe seu
ceticismo – mais do que a ânsia de liberdade – ao relato dos
sermões do pai, que em tom solene faz a defesa da ordem familiar, do
comedimento, da tem-perança e da paciência.
Uma das forças do
romance está no fato de André expor tanto as crenças do pai quanto
a sua própria descrença de maneira equilibrada e com igual rigor de
argumentos. Não é fácil recusar o grão de verdade existente nos
valores do chefe da família, cujo discurso se ergue contra qualquer
ameaça de desordem.
“O tempo é o maior
tesouro de que um homem pode dispor; embora inconsumível, o tempo é
o nosso melhor alimento; sem medida que o conheça, o tempo é
contudo nosso bem de maior grandeza: não tem começo, não tem fim”,
alerta o pai, aos filhos, da cabeceira da mesa.
“O equilíbrio da
vida depende essencialmente deste bem supremo, e quem souber com
acerto a quantidade de vagar, ou a de espera, que se deve pôr nas
coisas não corre nunca o risco, ao buscar por elas, de defrontar-se
com o que não é”, afirma. Mas “ai daquele que queima a garganta
com tanto grito: será escutado por seus gemidos; ai daquele que se
antecipa no processo das mudanças: terá as mãos cheias de sangue;
ai daquele, mais lascivo, que tudo quer ver e sentir de um modo
intenso: terá as mãos cheias de gesso, ou pó de osso, de um branco
frio, ou quem sabe sepulcral [...]”.
André ainda tentará
convencer o pai de que seus esforços e seus conselhos são vãos.
“Toda ordem traz uma semente de desordem; a clareza, uma semente de
obscuridade.” O chefe da família se mostra surpreso. “É muito
estranho o que estou ouvindo”, diz ao filho. “Estranho é o
mundo, pai, que só se une se desunindo; erguida sobre acidentes, não
há ordem que se sustente.”
O tema rural e
patriarcal e a prosa de acento bíblico de Lavoura Arcaica destoavam
do ambiente dominante da literatura brasileira dos anos 70. “O
livro do Raduan impacta pelo contraste e é recebido como uma coisa
estranha”, afirma Homero Vizeu Araújo, professor de literatura da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, especialista na produção
literária brasileira da segunda metade do século XX.
A característica que
unifica um conjunto amplo de livros e autores daquela dezena de anos
é uma espécie de ressaca, de decepção com o Brasil moderno real
que surgia na esteira do golpe de 1964, muito distinto das promessas
harmoniosas de uma ou duas décadas antes. Obras importantes daquele
momento, como a prosa de Rubem Fonseca, se ocupavam da desordem e da
violência das cidades, dos efeitos, explícitos ou tácitos, da
ditadura militar.
A estranheza de
Lavoura Arcaica foi bem recebida, contudo. No ano seguinte ao de seu
lançamento, a obra ganhou os principais prêmios literários do
país: melhor romance, da Academia Brasileira de Letras; o Jabuti, na
categoria Autor Revelação; e uma menção honrosa da APCA, a
Associação Paulista de Críticos de Arte.
O fato de André
ceder aos apelos do irmão mais velho e retornar às promessas de
conforto familiar fez com que o enredo do romance fosse com
frequência comparado à parábola bíblica do filho pródigo. No
Evangelho de Lucas, o irmão mais novo de uma família abastada exige
sua parte da herança e abandona a casa paterna. Partindo para um
país longínquo, logo dissipa todos os seus bens, “vivendo
dissolutamente”. Decide então voltar, para se oferecer como
simples trabalhador assalariado ao pai, mas este o perdoa, sacrifica
um novilho gordo e lhe oferece uma festa de boas-vindas.
No romance de Raduan,
no entanto, os insistentes sermões do pai já são um indício da
fragilidade da ordem que pretendiam reforçar. André foge de casa
como reação a um outro impulso, confinado ao âmbito familiar, mas
também desregrado: o desejo incestuoso pela irmã, Ana. Na
celebração de sua volta, a irmã surge coberta dos enfeites de
prostitutas que o adolescente trouxera na mala, e dança de maneira
provocativa, para desespero do pai, que, descontrolado, a atinge com
um golpe de foice.
“Ao contrário do
filho bíblico, que vai se submeter à ordem, André provoca uma
crise”, afirma Araújo.
Ao expressar um
ceticismo que guarda relação com o de seu personagem e abandonar a
literatura, Raduan também provocou uma crise considerável – pelo
menos do ponto de vista de quem cultua a produção literária e faz
discursos em seu louvor com solenidade análoga à do pai de André.
A incompreensão que
cercou sua decisão, a esperança de que não podia estar falando
sério ao igualar a invenção de romances à criação de galinhas,
ensejou apelos de acolhimento tão sedutores quanto o carinho da mãe
e das irmãs do narrador de Lavoura Arcaica.
Num ensaio sobre a
obra do escritor, de 1996, a crítica Leyla Perrone-Moisés se
referia ao “impaciente Raduan, que finge não acreditar no valor da
literatura apenas porque sua ação no mundo não é imediata e
visível”. De maneira esperançosa, conclui o seu texto assinalando
que “o deus da literatura nem sempre abandona os que dele
descreem”. “Esperemos que, se Raduan abandonou a literatura, a
literatura não o tenha abandonado, e o traga de volta a seus
leitores.”
“Impaciência”,
“abandono”, “volta”. A escolha de palavras não poderia ser
mais significativa do paralelo estabelecido, explicitamente, entre o
escritor e seu personagem.
A desfeita do autor
de Um Copo de Cólera aos valores da tradicional família literária
provocou reação menos generosa por parte do crítico e jornalista
José Castello. Em texto publicado no livroInventário das Sombras,
de 1999, Castello conclui que “Raduan Nassar não suportou ser um
grande escritor e desistiu da literatura para criar galinhas”. De
maneira oblíqua, lamenta que ele não retorne ao lar. “Trocou a
criação estética, que é complexa e desregrada, pela mecânica
suave da avicultura, e parece muito satisfeito com isso, tanto que,
resistindo a todos os apelos, se recusa a voltar atrás em sua
decisão.”
A “criação de
galinhas” de Raduan Nassar possuía, ao ser doada, quatro tratores,
três plantadeiras, uma colheitadeira, duas máquinas pulverizadoras
de agroquímicos, quatro silos de estocagem – dois com capacidade
para 7,5 mil sacas de 60 quilos cada, e outros dois capazes de
armazenar até 17,5 mil sacas – e uma máquina de secagem de grãos,
abrigada num prédio cujo pé-direito mede 6 metros de altura.
Sua complexa
engrenagem, de mecânica pouco suave, passou a ser gerida, após a
transferência de posse, por uma fundação ligada à Universidade
Federal de São Carlos. Na primeira semana de abril, Valter Secco e
José Eduardo Martinez, funcionários da entidade, chegaram para uma
visita de dois dias à Lagoa do Sino, o que fazem com frequência
semanal. Os dois são, para todos os efeitos, os atuais
administradores da fazenda. Dividem a tarefa com Newton, o antigo
responsável pela propriedade, que deve continuar a prestar os seus
serviços até que os cursos de graduação comecem a funcionar.
Secco e Martinez
vinham acompanhados do engenheiro Ricardo Rizzo Correia,
representante da Federal de São Carlos encarregado de fiscalizar as
obras que começam a ser realizadas na fazenda, a cargo de uma
empresa terceirizada. Os três usam as instalações da sede da
propriedade para trabalhar e guardar objetos pessoais, mas se
hospedam em Campina do Monte Alegre.
Rizzo tem 40 anos,
mas aparenta menos. O ex-professor universitário Valter Secco, aos
61, é administrador rural de primeira viagem. Os dois são práticos
e bem-humorados. Decidem me levar para conhecer uma das joias da
coroa da Lagoa do Sino. São três “pivôs”: grandes braços
metálicos com inúmeras saídas para a água, como pequenos
chuveirinhos, ao longo de centenas de metros de comprimento. O
sistema de irrigação gira lentamente, preso a um eixo central, e
garante ao agricultor relativa independência do imprevisível regime
de chuvas e secas a que antes ficava sujeito.
É em direção ao
menor deles, com um “braço” de pouco mais de 300 metros, que o
administrador e o engenheiro se deslocam. Os outros dois, distantes
dali, têm raios de alcance de mais de 500 metros cada.
Num passo vagaroso,
seguimos a estrutura metálica de irrigação. A cada 50 metros há
um par de rodas de trator que, em conjunto, sustentam a máquina. São
oito minutos de caminhada até o centro do plantio, na parte mais
elevada do terreno. Quase na linha do horizonte erguem-se pequenos
morrotes, salpicados de branco. Cada pontinho é um boi. Secco
explica que o gado pertence ao irmão de Raduan, Rauf Nassar, dono da
fazenda vizinha, sede da Agropecuária Guatambu.
A ligação da
família Nassar com a região começou no final dos anos 60. Uma lei
da época concedeu incentivos fiscais às empresas que comprassem
terras para reflorestamento. O Bazar 13 decidiu então adquirir uma
extensa propriedade em Buri, com essa finalidade. As terras viriam a
ser divididas, na década seguinte, entre os irmãos. Com a venda de
sua parte, Ra-duan comprou o pequeno sítio vizinho à Campina do
Monte Alegre e, mais tarde, a Lagoa do Sino. O sistema de irrigação
aumentou a produtividade da fazenda. Já os silos de armazenagem
permitem guardar a safra por meses a fio, o que amplia a capacidade
de barganha do produtor – à espera de um melhor preço de mercado.
Toda essa aparelhagem foi adquirida aos poucos, ao longo dos anos 90,
explica Newton.
Raduan é descrito
pelo administrador e por Valter Secco como um negociador duro. A
última safra de soja da Lagoa do Sino foi vendida por 51 reais a
saca. Haviam colhido 21 mil sacas do grão. “Você faz a conta”,
provocou Secco, com um sorriso nos lábios. A receita da fazenda,
para um único produto, ultrapassa 1 milhão de reais. Cada alqueire
agriculturável da terra – o equivalente a 2,4 hectares – poderia
ser arrendado, na região, por até 2 mil reais. Isso significa que
Lagoa do Sino é capaz de gerar uma renda anual, livre de qualquer
custo, de pelo menos 360 mil reais. Bem tocada – como é –, rende
muito mais.
“A fazenda é
exemplar, é fantástica, é de cair o queixo”, avalia o agrônomo
Antonio Roque Dechen, ex-diretor da Escola Superior de Agricultura
Luiz de Queiroz, a Esalq, da USP. Dechen, hoje vice-reitor
administrativo da Universidade de São Paulo, negociou com Raduan a
possibilidade de a propriedade ser doada à instituição onde o
escritor se formou.
O longo e penoso
processo de tentativa de doação da Lagoa do Sino começou em abril
de 2007, quando Raduan enviou uma carta à USP fazendo a oferta.
Passaram-se meses sem resposta, segundo o contador Messias Barboza,
até que o escritor procurasse diretamente o governo do estado.
Precisou reiterar a sua intenção de transferir a propriedade,
gratuitamente.
“Nos colocaram
então em contato com a direção da Esalq”, afirma Barboza.
Professores e alunos fizeram visitas à fazenda – vinham em grupos
grandes, de ônibus, e demonstravam satisfação irrestrita com o que
viam. Dechen não nega o entusiasmo, mas explica que mesmo assim as
negociações chegaram a um impasse. A Esalq avaliava ter encontrado
“um lugar fantástico para um polo avançado, em que alunos
pudessem fazer, por exemplo, estágios de conclusão de curso”. Mas
Raduan, segundo o vice-reitor da USP, fazia questão de que o novo
campus oferecesse cursos de graduação.
A universidade tinha
dúvidas sobre a viabilidade de novas faculdades na região. Segundo
o ex-diretor da Esalq, não era possível garantir que haveria
demanda por parte dos estudantes. “Virão cinquenta alunos de
agronomia? Com as escolas que já existem? E iam morar onde? Não
podia dar a garantia de que iria abrir um curso”, argumentou
Dechen.
Barboza diz ter
recebido outra explicação da USP. Numa carta a Raduan, a
universidade alegou não poder garantir os investimentos exigidos
pelo escritor em sua propriedade – a construção de 7 500 metros
quadrados em novas instalações – para realizar a doação. “Não
sabemos por que não deu certo”, diz o contador.
As negociações se
estenderam por mais de dois anos e meio, até o final de 2009.
Segundo Newton, o escritor se desgastou bastante nesse período. “Seu
Raduan não sabia se plantava, se não plantava. Ficou decepcionado.”
Já em 2010, o
proprietário da Lagoa do Sino foi convencido a procurar o governo
federal, uma alternativa levantada por Messias Barboza enquanto ainda
corriam as negociações com a usp. Dessa vez, tudo andou mais
rápido, talvez pela força das relações pes-soais, talvez pela
sintonia de projetos.
Um conhecido de
Raduan e amigo de Gilberto Carvalho, o atual secretário-geral da
Presidência, relatou ao então chefe de gabinete de Lula as
dificuldades enfrentadas pelo escritor para doar a fazenda. A
possibilidade de transferência da propriedade a uma universidade
federal foi discutida entre Carvalho e o presidente, que repassou a
tarefa a Fernando Haddad, então ministro da Educação.
“Recebi um
telefonema do Gilberto Carvalho, falando do caso”, disse o
candidato do PT à prefeitura de São Paulo. “Quando ele me ligou,
estávamos planejando uma terceira fase de expansão das federais.”O
local da fazenda casava com os interesses do governo, explicou
Haddad, por se tratar de uma região onde “não havia oferta de
educação pública”.
A transferência só
foi concluída no governo Dilma. Com um custo extra para o escritor.
Pela lei brasileira, o imposto de renda sobre ganho de capital – a
diferença entre o preço de aquisição e o valor do mesmo bem na
hora da transferência – é devido mesmo nos casos de doação. Por
entregar gratuitamente sua fazenda ao poder público, Raduan foi
taxado em 483 mil reais.
Quase todos os
interlocutores do escritor no processo de doação da Lagoa do Sino
se referem à ansiedade de Raduan para concluir a transferência.
Antonio Roque Dechen disse não ter conversado explicitamente sobre
as razões que levaram o escritor a se desfazer da fazenda. “Depois
de um determinado momento da vida, os dias correm rápido, você vê
que o seu tempo vai passando e começa a dar maior agilidade a essas
decisões”, limitou-se a dizer.
Numa conversa em
abril, na sala improvisada que serve como escritório administrativo
para a fazenda desde a doação, Newton explicou que o ex-patrão e
amigo já não tinha nos últimos anos a mesma disposição para as
tarefas cotidianas da propriedade. “A gente sentia que ele estava
cansado”, comentou.
A interlocutores
próximos, Raduan explicou que buscava, com as doações, devolver
aos trabalhadores rurais o que deles havia recebido durante as suas
quase três décadas de atividade. Notara, ao longo dos anos, a baixa
autoestima de muitos lavradores, que teriam vergonha de ser
identificados com a profissão. Do ponto de vista do escritor, a
transferência de propriedades e a construção da “Sala de Estudos
do Trabalhador Rural” – o centro comunitário em Campina do Monte
Alegre – são uma tentativa, talvez utópica, de mudar essa
realidade.
O autor de Lavoura
Arcaica, de toda forma, não pretende se afastar do mundo rural, ao
qual dedicou metade de sua vida adulta, como de resto nunca conseguiu
se desvincular completamente da literatura. Ao mesmo tempo que se
desfazia da fazenda, tratou de comprar uma nova. Seis vezes menor e
vizinha à Lagoa do Sino, possui o sugestivo nome de Retiro Feliz.
Newton também é
dono de uma casa na nova propriedade. Por um dos caminhos de terra da
fazenda, ladeado por duas fileiras de velhos ciprestes, ele me
conduziu a uma igrejinha discreta, de fachada branca e detalhes em
azul. Diante da construção, o administrador se voltou para a
estrada que havíamos acabado de percorrer e apontou na direção da
casa principal. Chamou a atenção para a simetria de duas séries de
edificações: “Está vendo? É tudo alinhado. É muito bonito.”
Newton explicou
também que a nova propriedade não tem finalidade produtiva: “Tem
um plantiozinho lá, mas vai virar pastagem. Não é mais para
negócio. É para ver uns boizinhos.”
Raduan agora divide o
seu tempo entre a beleza ordeira e sem opulência da Retiro Feliz, em
Buri, e o apartamento que mantém em São Paulo. Numa dessas idas e
vindas, o escritor recebeu, assim que chegou a São Paulo, uma
mensagem minha. Ao convite para comentar, em entrevista, suas
motivações e decisões, respondeu de maneira educada e gentil. Ao
final, dizia: “Aqui entre nós, falando baixinho: prefiro o
silêncio.”
[1]O publisher de
piauí é presidente do Instituto Moreira Salles, que edita os
Cadernos de Literatura Brasileira.
Fonte: http://revistapiaui.estadao.com.br/edicao-70/questoes-pos-literarias/depois-da-lavoura
Um comentário:
Mais meia-dúzia de seres humanos como esse e a sociedade em que vivemos seria uma outra, muito diferente !!!
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