Sob as vistas grossas das autoridades, mega-empresários devastam o litoral do Rio de Janeiro para erguer mansões “ecológicas”
Eles são multimilionários e querem exclusividade nas praias de
conhecidos paraísos tropicais no litoral do estado do Rio de Janeiro.
Para isso, violam leis ambientais e constroem mansões em áreas
ecologicamente sensíveis de mata atlântica, protegidas por lei. O perfil
dos megaempreendimentos destes brasileiros é o tema de uma reportagem
da revista americana Bloomberg.
A reportagem cita a propriedade de Antonio Claudio Resende, fundador
de uma grande empresa de aluguel de automóveis, que desde 2006 derruba
vegetação nativa na Ilha da Cavala, em Angra dos Reis, para abrir espaço
a uma mansão de 1,7 mil metros quadrados.
A casa está parcialmente abaixo do nível das árvores para se
disfarçar em meio à mata, podendo ser identificada apenas de avião,
segundo o Instituto Estadual do Ambiente do Rio de Janeiro. O
empresário luta na Justiça há quatro anos para não derrubar a
construção.
Resende é acusado de usar documentos falsos a fim de conseguir
permissão para levantar o imóvel e, por isso, foi indiciado por fraude e
crime ambiental em 2007. O empresário pagou, de acordo com a revista,
4,8 milhões de reais em 2005 a uma empresa de engenharia em Angra dos
Reis (RJ) que tinha o direito de ocupar a área.
Mas o caso de Resende, como exemplifica a
publicação, não é uma exceção entre milionários brasileiros
“apaixonados” pelas belezas naturais fluminenses.
O diretor de cinema Bruno Barreto destruiu, aponta a revista, uma
área preservada na Ilha do Pico em Paraty para construir uma casa de 450
metros quadrados. Em 2008, ele se comprometeu em juízo a demolir a
mansão e restaurar a área em dois anos, mas até o momento nada mudou e o
cineasta recorre das queixas do governo na Justiça.
Outro caso recordado de violação de leis ambientais no estado é o da
família que controla a construtora Camargo e Correa, que recebeu
autorização para construir uma casa pequena e ergueu um complexo de
mansões em frente à praia.
Os herdeiros de Roberto Marinho, fundador das Organizações Globo,
também construíram em 2008 uma casa de 1,3 mil metros quadrados, com
piscina e heliponto que desmatou uma área de mata protegida na praia de
Santa Rita em Paraty. A praia pública e a área da residência são
protegidas por dois guardas armados com pistolas a espantar quem tenta
se banhar no local, afirma a Bloomberg.
Em 2010, um juiz ordenou que a casa fosse derrubada e a área recuperada, mas os proprietários recorrem da decisão.
A revista ainda cita a gravação do filme Amanhecer Parte 1, da Saga
Crepúsculo, que utilizou como locação a casa do empresário do ramo de
distribuição de alimentos Ícaro Fernandes.
O milionário comprou em 2003 uma propriedade de 400 mil metros
quadrados na Praia da Costa em Mamanguá, com montanhas cobertas por
floresta nativa que são o habitat de macacos e animais que se alimentam
de formigas, como tamanduás.
Fernandes foi processado por procuradores federais em 2004 por não
ter licença para construção da casa de 15 quartos.
A Justiça pediu que
interrompesse a obra naquele mesmo ano, mas o empresário ignorou a ordem
e agora deve derrubá-la. Ele recorre da decisão.
Segundo a Bloomberg, o empresário não quis comentar, mas seu
advogado admitiu que a casa foi erguida sem licença e o empresário
tenta negociar com a Justiça a manutenção da propriedade em troca da
recuperar 95% da propriedade.
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