Os Tribunais de Justiça da Bahia e de São Paulo foram alvo de
críticas durante a sessão do Conselho Nacional de Justiça, nesta
terça-feira (10/9), pela demora em cumprir determinações do órgão de
controle externo do Judiciário.
Ao julgar procedimento de controle administrativo que questionou os
critérios do TJ-BA para preenchimento de cargos, criando vagas em
comarcas sem observar a Lei Orgânica da Magistratura Nacional (Loman) e
em prejuízo da carreira de magistrados, o conselheiro Guilherme Calmon
disse que aquele tribunal “é recalcitrante em cumprir determinação deste
conselho”.
A juíza Ana Lúcia Ferreira de Souza fez sustentação oral em nome dos
quatro magistrados interessados, manifestação elogiada pelo relator,
cujo voto, anulando os editais, foi acompanhado por unanimidade.
Durante os debates sobre mudanças na organização do setor de
execuções criminais pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, o conselheiro
Rubens Curado lembrou que a primeira decisão do CNJ sobre o assunto
–determinando que o tribunal apresentasse um plano de ação– foi tomada
em 2008.
“O que estamos a tratar é de um grave descumprimento, pelo tribunal, de decisão do CNJ”, afirmou.
O relator, conselheiro Gilberto Martins, considera que o projeto que
delega ao tribunal a fixação de varas de execução viola regras
constitucionais.
Em junho, treze entidades divulgaram nota pública criticando a
decisão do tribunal de acabar com as Varas de Execução Criminal, onde
são processados todos os benefícios e questões relacionadas ao
cumprimento de pena, criando um Departamento em seu lugar.
Alegam que os juízes que atuarão na execução criminal passarão a ser
indicados pelo TJ-SP, e não mais por concurso interno (como manda a
Constituição), poderão ser retirados da função –violando o princípio do
juiz natural, da independência judicial e da inamovibilidade– e ficarão
distantes das penitenciárias que devem fiscalizar.
Em sustentação oral no CNJ, o juiz Rodrigo Capez, assessor da
presidência do TJ-SP, disse que o tribunal vem realizando mutirões
carcerários desde 2008. Segundo ele, há sobrecarga de atividades em
varas que acumularam as execuções. O magistrado afirmou que a questão do
sistema penitenciário é um desafio que o tribunal vem enfrentando, e
que o Poder Executivo tem dado prioridade à construção de presídios em
pequenos municípios.
Em dezembro, ao defender o projeto, o presidente do TJ-SP,
desembargador Ivan Sartori, afirmou que as varas de execução criminal
são nevrálgicas. “O sistema está completamente falido e precisamos fazer
alguma coisa. É um projeto que pede urgência”, disse, na ocasião.
Diante do recebimento pelo relator de novas informações sobre o projeto, o assunto voltará a ser tratado em outra sessão.
Frederico Vasconcelos
Frederico Vasconcelos
Nenhum comentário:
Postar um comentário