Juízes reagem a proposta do CNJ que proíbe patrocínio a eventos da classe. Entidades compararam o patrocínio, por empresas privadas, de congressos de juízes realizados em resorts de luxo à compra de espaço publicitário em veículos de comunicação.
Bruno Lupion, de O
Estado de S. Paulo, 07/02/2013
SÃO PAULO - As três
maiores associações da magistratura brasileira reagiram nesta quarta-feira, 6,
à proposta do Conselho Nacional de Justiça de proibir os patrocínios privados a
encontros, seminários e congressos de juízes.
Em nota conjunta, a Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) e a Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra) afirmaram ser “inadmissível” que sejam lançadas dúvidas sobre a idoneidade da magistratura brasileira. As entidades compararam o patrocínio, por empresas privadas, de congressos de juízes realizados em resorts de luxo à compra de espaço publicitário em veículos de comunicação.
“Suspeitar da independência dos juízes porque sua entidade de classe recebe patrocínios para a organização de eventos é tão simplista quanto achar que as empresas de comunicação subordinam o conteúdo de matérias jornalísticas aos interesses econômicos dos anunciantes”, afirmaram as entidades.
Em nota conjunta, a Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) e a Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra) afirmaram ser “inadmissível” que sejam lançadas dúvidas sobre a idoneidade da magistratura brasileira. As entidades compararam o patrocínio, por empresas privadas, de congressos de juízes realizados em resorts de luxo à compra de espaço publicitário em veículos de comunicação.
“Suspeitar da independência dos juízes porque sua entidade de classe recebe patrocínios para a organização de eventos é tão simplista quanto achar que as empresas de comunicação subordinam o conteúdo de matérias jornalísticas aos interesses econômicos dos anunciantes”, afirmaram as entidades.
Apresentada pelo
corregedor nacional de Justiça, Francisco Falcão, a proposta de regulamentar os
eventos de juízes já recebeu o aval de outros cinco integrantes do CNJ, órgão
que tem 15 integrantes. A votação foi interrompida por pedidos de vista e deverá
ser retomada no dia 19.
Na nota, os magistrados
disseram ter reagido com “estranheza” à proposta do CNJ e reclamaram da falta
de prévio diálogo com os interessados, argumentando que o assunto não foi
incluído formalmente na pauta do Conselho.
Também apontam que a
proposta do CNJ de vedar o patrocínio de eventos institucionais organizados
pelas entidades de classe é “inconcebível” em um Estado
Democrático de Direito, pois viola o princípio da não
interferência do Estado em associações e na organização sindical.
Os juízes, no entanto,
se dizem favoráveis ao estabelecimento de regras que proporcionem “ampla
transparência” e pedem para serem ouvidos antes que o CNJ tome sua decisão
final.
Brindes. Durante a
votação da proposta de resolução, Falcão lembrou a recente distribuição de
brindes doados por empresas numa festa de magistrados paulistas em dezembro
passado. "É uma verdadeira vergonha esse evento de São Paulo, que deve ser
repelido e reprimido com todo o rigor que a lei determina. Magistrado não pode
receber carro, cortesia de passagem de avião, cortesia de cruzeiro em
transatlântico. Magistrado tem de viver com o salário e patrocinar do próprio bolso suas viagens e suas
despesas pessoais e de seus familiares", disse.
Em janeiro, a Associação
Paulista de Magistrados (Apamagis) prestou informações sobre o polêmico sorteio
e confirmou que os brindes foram doados por empresas parceiras da entidade na
prestação de serviços a associados em áreas como assistência médica e turismo.
Entre os prêmios distribuídos estavam aparelhos celulares e de Blu-Ray, viagens
e até um automóvel.
De acordo com a minuta
da proposta de Falcão, antes da realização de seminários, congressos, cursos e
outros eventos promovidos por órgãos ou entidades da Justiça, o conteúdo, a carga
horária, a origem das receitas e o montante das despesas deverão ser
divulgados. A documentação terá de ficar disponível para controle do CNJ, dos
tribunais de contas dos Estados e da União (TCU).
A ideia é evitar casos
como o que ocorreu em novembro do ano passado, quando empresas públicas e
privadas, como a Caixa Econômica, o Banco do Brasil e a Souza Cruz,
patrocinaram um encontro da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) em
um resort na ilha de Comandatuba, na Bahia. Situação parecida aconteceu em
2009, em reunião à beira-mar promovida pela Associação dos Magistrados
Brasileiros em Aracaju (SE).
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