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segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

NOTA PÚBLICA do Dia Internacional dos Direitos Humanos: Copa pra Quem ?

Comitê Popular da Copa 
 
Debate sobre os impactos sociais, ambientais e econômicos que a Copa do Mundo 2014 pode provocar
 
Adital
 
O Comitê Popular da Copa e das Olimpíadas do Rio de Janeiro no Dia Internacional dos Direitos Humanos questiona: o que nosso país tem feito para dar resolução às graves denúncias de violação de direitos relacionadas aos grandes eventos esportivos?
Após um ano do lançamento do Dossiê Megaeventos e Violações dos Direitos Humanos no Brasil e oito meses do Dossiê Megaeventos e Violações de Direitos Humanos no Rio de Janeiro, as remoções continuam a ameaçar diversas famílias que estão no caminho das obras, sem fundamento no interesse público e associadas a projetos imobiliários bilionários de elitização do espaço urbano. A terra pública vem sendo ilegalmente destinada a parcerias público-privadas para benefício de grupos empresariais, enquanto que a população removida tem recebido indenizações irrisórias, ou a opção de moradia em locais distantes e desprovidos de mínimas condições de urbanidade. Estamos vivenciando inúmeros retrocessos com relação ao acesso à moradia digna e à construção democrática da cidade.

A Lei Geral da Copa, aprovada em maio desse ano sem qualquer diálogo com a sociedade, e as leis estaduais que complementam às exigências da FIFA, retiram direitos e recursos da população. A extensa gama de isenções de impostos e a exclusividade de publicidade e comércio assegurada aos patrocinadores oficiais durante os dias do evento, que unicamente servem para maximizar os lucros de grandes corporações e da FIFA, tem como "contrapartida” a perseguição de pequenos comerciantes e vendedores ambulantes que exercem esta atividade como única fonte de renda, e que não serão tolerados no raio de até 2 km estabelecido como zona de exclusão ao redor dos estádios e nos locais oficiais de celebração e assistência da Copa do Mundo.
O controle de propriedade das marcas e as leis de exceção, que violam diversos direitos, se fará com a militarização da cidade, o aumento de efetivos de policiais, guarda municipais, seguranças particulares, conformando a cidade partida apaziguada pelo medo e pela proibição das manifestações públicas. Nós já estamos vendo no Rio de Janeiro a política de segurança pública se fazendo com as UPPs, onde policiais determinam toque de recolher nas comunidades, e ao contrário que diz a Constituição impedem a liberdade de expressão, construindo um ambiente de constrangimentos e submissão. O controle militar das comunidades pobres da cidade não pode ser uma premissa para a realização de eventos internacionais, mas sim a garantia de direitos fundamentais há décadas renegados nestes espaços.

Não aceitaremos calados a privatização do Maracanã, com a proposta de demolição da Escola Municipal Friedenreich, do prédio histórico do Museu do Índio, do Estádio de Atletismo Célio de Barros e do Parque Aquático Júlio Delamare. Queremos o direito de participação do cidadão nesta decisão: PLEBISCITO JÁ! O Complexo do Maracanã deve continuar servindo a alunos, atletas, indígenas e moradores da região, hoje ameaçados para dar espaço a estacionamentos, quadras de aquecimento e lojas. O Maracanã não pode se transformar em mais um local lucrativo para o homem mais rico do país em detrimento dos serviços públicos que presta à população. O Maracanã e seu entorno são monumentos do Rio de Janeiro e do Brasil, nossa cultura e nossa história não estão à venda.

Hoje, dia 10 de dezembro de 2012, Dia Internacional dos Direitos Humanos, vemos um cenário de subordinação dos interesses públicos aos interesses de entidades privadas (como COI, FIFA e grandes corporações), de desrespeito sistemático à legislação urbana e aos direitos ambientais, de violação de direitos trabalhistas e do direito ao trabalho, de desperdício dos recursos públicos, que deveriam estar sendo destinados às prioridades da população. Em razão da Copa do Mundo e Olimpíadas vemos estas injustiças se agravarem, impactando em primeiro lugar os grupos mais vulneráveis da população, os mesmos que deveriam ser os primeiros beneficiários do dito desenvolvimento trazido por estes eventos. Por isso, o Comitê Popular da Copa e Olimpíadas do Rio de Janeiro pergunta: Copa pra Quem?

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