Sindicalização global
O
maior sindicato de metalúrgicos e de trabalhadores em geral dos Estados
Unidos, o United Auto Workers (UAW), abriu escritório em São Paulo,
anunciando que pretende expandir, no Brasil, sua política de militância.
Como parte do esforço de estabelecer uma base no país, o presidente da
entidade, o sindicalista Bob King, visitou, na semana passada, as
diretorias do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil e da
Câmara dos Deputados.
King teve audiências com o presidente da
OAB Nacional, Ophir Cavalcante Jr., e o presidente da Câmara dos
Deputados, deputado Marco Maia. O tema de ambos os encontros foi a
urgência do chamado “sindicalismo internacional”, em razão da
necessidade de se enfrentar a contínua perda de direitos trabalhistas em
todo o mundo, fenômento que a entidade atribui ao processo de
globalização.
Fundado para fazer frente às políticas empregatícias
da Ford Motor Company quando a montadora se consolidou em Detroit nos
anos 1930 e idealizou um modelo de produção em massa de veículos, o UAW
é formado hoje por uma rede de mais 750 sindicatos locais que
representam mais de 390 mil membros ativos e mais de 600 mil associados
inativos nos EUA, Canadá e Porto Rico. De acordo com a entidade, o UAW
iniciou contatos com dirigentes das centrais sindicais no Brasil e já
conta com assessores em atividade no país. O consultor da organização é o
advogado João Piza Fontes, ex-presidente da seccional paulista da OAB.
King
passou a semana anterior no Brasil e aproveitou para proferir palestra
no Congresso Nacional da CUT e visitar o ex-presidente Lula, do qual
admite ser um admirador. De acordo com a assessoria da UAW, o objetivo
da entidade, no Brasil, é travar uma ofensiva contra o que qualificam
de “queda vertiginosa da sindicalização nos EUA” e, dessa forma, criar
uma rede global de colaboradores.
Nos Estados Unidos, onde movimentos do tipo nunca contaram com a ampla simpatia da opinião pública, sindicatos têm enfrentado uma reação política de grupos de orientação conservadora que querem reduzir a margem de atuação de movimentos sindicais.
“Acreditamos
que os trabalhadores precisam ter a mesma presença que as empresas
transnacionais, que estão em todos os países, mesmo onde não têm
produção”, disse Bob King, segundo informe oficial da assessoria de
comunicação da UAW no Brasil.
A ideia também, ao consolidar uma
base no país, é ampliar a atuação no campo jurídico, como atesta a
colaboração do advogado João Piza, conhecido por representar sindicatos
brasileiros durante os processos de privatização de estatais como a
Vale, a Telebrás e o Banespa. Ex-metalúrgico e líder sindical, o
presidente da Câmara dos Deputados Marco Maia manifestou apoio à
extensão da militância do movimento norte-americano no Brasil.
Em
visita ao presidente nacional da OAB, Ophir Cavalcante, King observou
que o número de trabalhadores sindicalizados nos EUA vem sofrendo
quedas sucessivas, e que o fenômeno tem resultado na piora nas
condições de trabalho, na redução de renda da classe trabalhadora e em
perda de direitos. Ophir, por sua vez, classificou como importante o
fortalecimento do movimento sindical e afirmou ser necessário proteger
as empresas. Para ele, trata-se de “uma equação difícil de resolver”.
Informações da Assessoria de Comunicação da United Auto Workers Brasil
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