Thais Leitão, da Agência Brasil
O cenário é histórico e o evento já virou tradição: a Festa Literária
Internacional de Paraty (Flip) começou nesta quarta-feira (4) reunindo
na cidade estrategicamente posicionada entre duas das principais
capitais do país – Rio de Janeiro e São Paulo – escritores renomados
nacionais e de vários países.
Uma sessão dupla na noite desta quarta-feira marcou o início da
extensa programação que vai até domingo (8). Em comemoração aos dez anos
do evento, o escritor Luis Fernando Veríssimo falará sobre o valor da
literatura, razão de ser da festa. Em seguida, o escritor e crítico
Silviano Santiago e o poeta e filósofo Antonio Cícero fizeram uma
conferência sobre o autor homenageado da Flip 2012, Carlos Drummond de
Andrade, que completaria 110 anos em outubro.
De acordo com o diretor-geral da Flip, Mauro Munhoz, a escolha do
poeta brasileiro foi baseada em sua importância para a literatura
nacional e sua contribuição para o tombamento da cidade do litoral sul
fluminense como Patrimônio Histórico Nacional.
“A gente tomou a decisão de homenageá-lo por sua dimensão, por ter
sido um escritor que atravessava fronteiras, podendo falar para o
público especializado sem perder a conexão com o público em geral. Além
disso, ele foi funcionário do Ministério da Cultura e trabalhou no órgão
que antecedeu o Iphan [Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional] e o contato que estabeleceu com intelectuais nascidos em
Paraty foi extremamente importante para que a cidade fosse tombada”,
explicou.
Munhoz classificou a homenagem a Drummond como um “encontro feliz” entre cultura, literatura e questões do território.
Ao fazer um balanço de uma década desde a criação do festival, que
cresce sem perder seu charme, o diretor-geral credita o sucesso ao
equilíbrio entre tradição e inovação.
“A Flip se renova a cada ano, mas o formato mantém uma identidade
muito forte. É como as casas do centro histórico de Paraty: não há duas
iguais, mas o que fica é a sensação de conjunto e coerência entre todas
elas”, enfatizou.
Entre os destaques internacionais desta edição estão Jennifer Egan,
ganhadora do Prêmio Pulitzer de 2011 por A Visita Cruel do Tempo;
Jonathan Franzen, vencedor do National Book Award por As Correções; Ian
McEwan, que teve o livro Reparação transformado no filme Desejo e
Reparação e o dramaturgo, contista e roteirista Hanif Kureishi, que tem
alguns títulos publicados no Brasil, entre eles Intimidade.
Durante a edição comemorativa dos dez anos do festival, também serão
lançados dois livros, editados pela inglesa Liz Calder, criadora da
Flip, e um DVD. Os títulos literários são o Dez/Ten, composto por contos
e ensaios de cinco escritores brasileiros, e o Paraty É uma Festa: 10
Anos de Flip, escrito por jornalistas associados à história do evento,
como Zuenir Ventura e Humberto Werneck.
Já o filme trará trechos de
mesas-redondas ocorridas desde a edição de 2003.
(Agência Brasil)
Nenhum comentário:
Postar um comentário